Revista Wanted

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wanted people + music + art magazine

manuel cruz metamorfose sonora

ornatos violeta pluto foge foge bandido supernada

2012

top 10 A MAGIA DO VINIL banksy manga bd japonesa

#1


[SUMÁRIO]

6 capa

10 top 10

15 noticias

18 vinil

26 manel cruz

32 banksy

40 manga

51 agenda

53 crónica

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[EDITORIAL] AQUI mais uma vez em busca do tesouro perdido da inspiração que

às vezes se mostra tão fácil e tão simples e outras tantas maiores que se quer aparecem. Passo o dia imaginando como seria melhor o mundo se todo mundo gostasse de musica boa, se todo mundo gostasse de musica brasileira de qualidade. E logo após me sinto triste por pensar dessa forma, por que me julgo tantas vezes superior a tanta gente só por que ouço o que julgo bom, e paro e penso, quem sou eu pra dizer ou desdizer o que é ou não bom pra se ouvir? Só por que eu amo as músicas do Chico Buarque? Por que sou apaixonado pela voz de homem da cássia Eller? Por que sou enlouquecido pela sensualidade e feminilidade de Marisa monte? Porque fico tontinho com a voz nasal de gal costa? Por que endoideço toda vez que a voz de Rita Lee sai daquela garganta abençoada pelos deuses? Por que viajo léguas com as letras e arranjos das músicas ‘perfeitas’ dos hermanos? Por que acho muito imporante compreender um pedaço da minha vida ouvindo lulu santos? Por que esqueço da felicidade toda vez que escuto um bom samba? Por que adoro voltar no tempo e perceber que pouca coisa mudou no decorrer do tempo quando ouço legião urbana? Nossa que horror! Só por que quase choro quando Elis Regina se acaba naquelas interpretações dela? Ou por que os beatles me fazem feliz com as bobagens que cantam? Por que Elvis presley tem agudos que o mundo jamais verá igual, e eu acho essencial ouvir? Só por isso acho que escuto música boa? Quem sou eu pra achar que por essas banalidades citadas como essenciais pra minha existência precisam ser essenciais pra de todo mundo? Sei que pra mim é um crime ouvir, limão com mel e calcinha preta, calypso e a sua companhia, Edson e batista, babado e o da banana, capital inicial e ls Jack, cpm 38 e o dono do snoopy que não cresceu. É triste, mas é a realidade. Mas o que posso fazer, é quase um crime mesmo. A pirataria aumenta, o índice de analfabetismo, o trafico de drogas, o aumento da criminalidade. É triste, mas é a realidade. Tenho dito! Rodrigo Monteiro Dias

fIcha técnica Design Gráfico & Direcção Criativa Rodrigo Monteiro Dias rodrigo.dias.design@gmail.com (aluno Design Universidade Évora) 25982 Docente Design Gráfico Célia Figueiredo celiafigueiredodesign@gmail.com (Docente Design Gráfico Universidade Évora) Colaboradores nesta edição Teo Tavares Machado, Daniela Gomes, Anabela Monteiro Dias, Delfim Dias, Hugo Dias, Ricardo Dias, Adrien Dias Inácio, João Milheirinho Santos, Filipe Aguiar, Vanessa Pimenta, Anaísa Flamino. Redacção e Departamento Comercial Travessa do Cantata, nr2, 2565-394 Santa Cruz - Torres Vedras - Lisboa Telefone: 261311591 ‑ Fax: 261311592 info@wantedmag.com www.wantedmag.com myspace.com/wantedmagazine Propriedade Publicards, Publicidade Lda. Distribuição Publicards publicards@netcabo.pt Impressão Milideias-Comunicação Visual Lda Rua Circular Norte Parque Industrial Tecnológico 1 7005-841 ÉVORA ( Sé ) Registo ERC 125233 Número de Depósito Legal 185063/02 ISSN 1645‑5444 Copyright Publicards, Publicidade Lda.

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[CAPA]

Manel Cruz Metamorfose Ambulante

Manel Cruz, nome artístico de Manuel Gomes Coelho Pinho da Cruz (São João da Madeira, 16 de Outubro de 1974) é um vocalista, guitarrista e letrista português. Actualmente é membro dos grupos rock Pluto e Supernada, e possui também um projecto a solo designado Foge Foge Bandido. Contudo, é mais conhecido pela sua carreira nos extintos Ornatos Violeta, na qual ganhou notoriedade e reconhecimento.

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TOP10 OS MELHORES DE 2011


OS

10 MELHORES 2011 4

1 JAMES BLAKE é um compositor britânico de música eletrônica de Londres, Reino Unido. Em 19 de Julho de 2011, ele foi nomeado ao Mercury Music Prize 2011 pelo auto-intitulado álbum de lançamento. James Blake is an English electronic musician from London, England. James began his final year at Goldsmiths in September 2009 studying popular music while recording songs in his bedroom. Blake attended The Latymer School and released his debut 12” “Air

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3 2 NORBERTO LOBO

A música de Norberto Lobo tem-nos a todos dentro, mas é integralmente sua. Com “Pata Lenta”, o aguardado segundo álbum, apresentado amanhã na Casa do Alentejo, em Lisboa, já não há espaço para duvidar.

O álbum nasce de um período de isolamento de Justin Vernon, que se fechou durante meses num local remoto do estado americano do Winsconsin. O álbum foi produzido por Justin Vernon, inteiramente na sua cabana de retiro, compondo sozinho o álbum completo. O álbum foi recebido com interesse pela crítica americana, apesar do forte criticismo ao modo como são cantadas as letras das músicas, que chegam a limiar no imperceptível.

6 AMY WINEHOUSE

ADELE BON IVER

TOP10:

é uma cantora e compositora britânica. Ela foi a primeira a receber o prêmio Critics’ Choice do BRIT Awards e foi nomeada “artista revelação” em 2011 pelos críticos da BBC.

5 CLÃ

Poucos dias depois da edição de DISCO VOADOR, o album é reconhecido como o melhor de 2011 em Portugal.

a estrela deixou-nos este ano, pondo termo a uma autodestrição pública, ruidosa e comovente. vamos ter saudades dela.

7 PJ HARVEY

PJ baseia seu trabalho em criar contos fictícios sobre os mais variados temas, sempre prezando por explorar atmosferas densas, que vão desde canções lo-fi, ásperas e pesadas, até climas lúgubres, obscuros e delicados como no seu álbum White Chalk

9 8 TOM WAITS

A música de Tom Waits não está presa a um gênero musical determinado. Pode-se facilmente encontrar em seus álbuns Rock, Jazz, Folk, Blues, dentre outros tantos gêneros e estilos musicais.

FRANKIE CHAVEZ é um músico português. Lançou um E.P. homónimo pela Optimus Discos. A sua música está dentro das categorias Blues/Folk/ Roots. Toca sozinho em formato de “one man band”. Revela-se assim mais uma estrela no mundo da musica de nacionalidade Portuguesa.

10 FLORENCE + THE MACHINE Mais um grande nome confirmado para o festival do Passeio Marítimo de Algés. Banda britânica atua dia 14 de julho. Os ‘Florence and The Machine’ estão confirmados para o Optimus Alive 2012.

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NOTÍCIAS Espectáculo galáctico Muse

The Cardigans poderia ter lançado um álbum chamado “A primeira banda On The Moon” em 1996, mas Muse esperamos chegar mais perto do que já fiz por fazer um show no Espaço. Isso não pode acontecer no futuro próximo, mas a esperança de um dia banda tocar uma música de gravidade zero para corresponder às suas muitas espaço-faixas com temas, incluindo “Estrela de Nêutrons Colisão”.

Material novo a ser lançado Johnny Cash

Columbia / Legacy anunciou que as gravações mais abóbada de Johnny Cash será lançado em 22 de fevereiro com Bootlegs 2: A partir de Memphis a Hollywood. O conjunto de dois CD irá concentrarse no início da carreira de Cash, com um disco tirado de seu tempo em Memphis. Incluído será um programa dos seus dias na Sun Records.

POSTO EMISSOR 1. The Weeknd «The Birds Part1» 2. SBTRKT «Hold On» 3. Marcia e JP Simões «A PELE QUE HÁ EM MIM» 4. Shannon Wright «Birds» 5. We Trust «Once at a Time»

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6. Os Lacraus «L.A.C.R.A.U.S» 7. Norberto Lobo «Charleston Para Jack» 8. Os Golpes «Território Justo» 9. Hanni el Khatib «Love Sex Magic» 10. Oh Land «Wolf & I»

Alegria no festival Shakespeare’s Globe Gabrieli Consort & Players

Gabrieli Consort & Players viu no Ano Novo com uma boa performance na Globe Shakespeare no dia de Ano Novo. Music-News.com estavam na mão para testemunhar o Wassail Inverno na resplandecente teatro à beira do Tamisa. Enquanto desfruta do calor de um vinho quente nestes arredores autênticos os cantores estavam em plena voz reunidos para entreter a multidão com canções e poesias de outros tempos, a fim de espantar a escuridão. Foi a maneira verdadeiramente mágico para passar o primeiro dia do Ano Novo.

CHEMICAL Brothers A dupla britânica CHEMICAL BROTHERS foi confirmada para actuar no dia 8 de Julho, no festival Optimus Alive!12

As 10 músicas mais ouvidas 15| WANTED


música n’outra arte Herminio Felizardo

ARTES

Tributo a Ray Charles

Caricaturista

de BRUNI Sablan

Filho de imigrantes italianos, Cândido Portinari nasceu no dia 29 de dezembro de 1903, numa fazenda nas proximidades de Brodowski, interior de São Paulo. Com a vocação artística florescendo logo na infância, Portinari teve uma educação deficiente, não completando sequer o ensino primário. Aos 14 anos de idade, uma trupe de pintores e escultores

David Miles 16 | WANTED

Luis Amstrong

John Coltrane

Jimmy Hendrix

Ray Charles


a mAGIA Do vinil O disco de vinil surgiu no ano de 1948, tornando obsoletos os antigos discos de goma-laca de 78 rotações, que até então eram utilizados. Os discos de vinil são mais leves, mais maleáveis e resistentes a choques, quedas e manuseio. Mas são melhores principalmente pela reprodução de um número maior de músicas (ao invés de uma canção por face do disco) e finalmente pela sua excelente qualidade sonora.


Vinil

A musica que mudou a sociedade Apos a 2ª Guerra mundial o profunda mudança cultural começou nos EUA e alastrou à Europa. A grande vaga musical que a anima começou no jazz e estendeu-se ao rock e ao pop, acabando finalmente por contagiar outras músicas. Assim despontou um movimento global que será responsável não apenas por uma autêntica revolução musical mas igualmente no plano das mentalidades.

Anos 50

Tudo estava a mudra. O rock encarnava a rebeldia da juventude, a sua vontade de mudra costumes e ser protagonista.

Bob Dylan

Bob Dylan transformou a forma tradicional da canção. A sua influência foi devastadora. Contam-se às centenas as versões das suas músicas.

Beatles / Rolling Stones

Os Beatles foram os grandes impulsionadores da viragem, seguidos pelos Rolling Stones. A qualidade e a dinâmica de ambosfoi decisive na grande explosão criativa de meados de 60.

Pop em Inglaterra

Produziu-se um lote de canções que faz hoje parte da nossa memória colectiva. Pop Americano Não voltaria a haver um periodo tão diverso,fecundo e criativo como o que vai de 1965 a 1969.

A música Soul

A música negra desabrochou ganhando um colorido pop.

O Psicadelismo

A “pop art”, a música electronica e a exprimentação invadiram o pop com um caleidoscópio de influências nunca visto.

Singer / Songwriters

Sob a influência de Dylan, nasceram alguns dos maiores talentos dos nosso tempo. Tim Buckley sera porventura o melhor exemplo.

Jazz

Eles iniciaram o grande moviemnto musical de mudança. Eles são: Duke Ellington, Charlie Parker, Miles Davis, Thelonious Monk, Charles Mingus, Omette Coleman, John Coltrane e Albert Ayler. Eles e os movimentos bop, cool e free jazz.

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Os anos 70

Foi a última década do período classic rock. É também conhecida como a “década da discoteca”, devido ao surgimento da dance music. Surge também o movimento punk. No dia 6 de abril de 1971 morre o compositor, pianista e maestro russo Ígor Stravinski. No dia 16 de Agosto de 1977 morre o cantor Elvis Presley. Em 1973, o seu concerto “Aloha from Hawaii” tem uma audiência estimada em mais de 14 milhões de telespectadores.

Música Francesa / Música Latina

O grande Jacques Brel e outros elevaram a música de língua francesa a um patamar que ela não voltaria a conhece. O moviemnto da bossa nova exérceu uma influência global, nomeadamenteno jazz.

Música Portuguesa

José Afonso e Amália são dois pilares da música portuguesa. O génio criativo de José Afonso e o génio interpretative de Amália impulsionaram a mudançana música popular portuguesa.

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MANEL CRUZ Estilo vocal e lírico

Em termos da natureza do seu desempenho vocal nos Ornatos e Pluto, Cruz é caracterizado por um estilo acentuadamente melódico e variante em tom, de acordo com a natureza das bandas e dentro de cada, dos temas, e em termos líricos, distingue-se pelo uso frequente de vaga imagética, ao se centrar essencialmente no amor, e em si próprio.


artista:

Pluto

MANEL CRUZ

Depois do fim dos Ornatos Violeta, Manel Cruz funda a banda Pluto a par com o ex-Ornato Peixe, Eduardo e Ruka que editam o álbum Bom dia no ano de 2004.

PURA METAMORFOSE

Foge, Foge Bandido Ornatos Violeta

“As palavras bonitas são capaz de enganar as pessoas durante muito mais tempo, mas as mais inteligentes cansam-se pouco depois delas terem sido ditas.”

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O seu percurso musical iniciou-se nos Ornatos Violeta, a sua primeira banda, em 1991, como vocalista, compositor e letrista onde permaneceu durante cerca de 11 anos. Manel Cruz nunca teve qualquer tipo de formação musical ou de canto, achava as aulas demasiado chatas. Mas não foi isso que o impediu de compor e dar voz a tantas e tantas músicas. Sendo que os 11 anos enquanto “ornato” o ajudaram a evoluir em vários sentidos, notando-se isso mesmo na música que fez e continua a fazer. Em 2000, Manel Cruz, foi galardoado pelo Jornal Blitz com o prémio de “Melhor Voz Masculina”, ao mesmo tempo que os Ornatos Violeta arrecadavam os outros três prémios para os quais tinham sido nomeados tornando-se nos grandes vencedores da noite. Em 2002, e para grande tristeza de muitos dos fãs de Ornatos Violeta, foi anunciado o seu fim. Desta maneira, Manel Cruz, continuou o seu percurso como músico ingressando em duas bandas em simultâneo: os Pluto e os SuperNada, na mesma semana desenharam-se os esboços do que faria e espero continuar a fazer a carreira musical do cantor. Em 2006, a Objecto Cardíaco editou o livro «As Letras como Poesia», que reúne um conjunto de ensaios sobre as letras dos Ornatos Violeta. Este livro foi reeditado em 2009 pela Afrontamento.

SUPERNADA

A 1 de Junho de 2008, Cruz lançou o primeiro álbum do seu projecto a solo Foge Foge Bandido, iniciado cerca de 10 anos antes, intitulado O Amor Dá-me Tesão/Não Fui Eu Que Estraguei. Manel Cruz é reconhecido como um bom letrista, tendo sido convidado pela banda Clã a escrever uma música. Escreveu a música “Doença do Bem” e acabou por escrever uma segunda música “Amigos de Quem”[2]. Esta última, cantou ao vivo com a banda, tendo sido incluída no seu disco “Vivo”.

Nasceram ao mesmo tempo que a banda Pluto, na qual participam Manel Cruz e Rui Lacerda. Existindo desde 2002, por opção própria não gravaram nenhuma maqueta, tendo só actuado ao vivo em sítios como o Hardclub ou Santiago Alquimista. Dizia-se que o álbum iria ser lançado em 2005 mas até hoje ainda não aconteceu. Há quem os considere como a “evolução natural dos Ornatos”. Circulam na internet gravações de alguns concertos dados pelos Supernada, incluindo músicas tais como “À tua procura”, “Irreal”, “Sonho de Pedra”, e “Anedota + Eco da Gargalhada”.

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Banksy Banksy é o pseudônimo de um grafiteiro, pintor, ativista político e diretor de cinema inglês. Sua arte de rua satírica e subversiva combina humor negro e graffiti feito com uma distinta técnica de estêncil. Seus trabalhos de comentários sociais e políticos podem ser encontrados em ruas, muros e pontes de cidades por todo o mundo. O trabalho de Banksy nasceu da cena alternativa de Bristol, e envolveu colaborações com outros artistas e músicos. De acordo com o designer gráfico e autor Tristan Manco, Banksy nasceu em 1974 em Bristol (Inglaterra), onde também foi criado. Filho de um técnico de fotocopiadora, começou como açougueiro mas se envolveu com graffiti durante o grande boom de aerosol em Bristol no fim da década de 80. Observadores notaram que seu estilo é muito similar à Bleck Le Rat, que começou a trabalhar com estencils em 1981 em Paris, e à campanha de graffiti feita pela banda anarco-punk Crass no sistema de tubulação de Londres no fim da década de 70. Conhecido pelo seu desprezo pelo governo que rotula graffiti como vandalismo, Banksy expõe sua arte em locais públicos como paredes e ruas, e chega a usar objetos para expô-las. Banksy não vende seus trabalhos diretamente, no entanto, sabe-se que leiloeiros de arte tentaram vender alguns de seus graffitis nos locais em que foram feitos e deixaram o problema de como remover o desenho nas mãos dos compradores. O primeiro filme de Banksy, ‘Exit through the Gift Shop’, teve sua estréia no Festival de Filmes de Sundance. Foi oficialmente lançado no Reino Unido no dia 5 de março de 2010 e em janeiro de 2011 foi nomeado para o Oscar de Melhor Documentário.

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Banksy 35 | WANTED


Banksy Banksy



Manga

a banda desenha japonesa

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Os mangás têm suas raízes no período Nara (século VIII d.C.), com o aparecimento dos primeiros rolos de pinturas japonesas: os emakimono. Eles associavam pinturas e textos que juntos contavam uma história à medida que eram desenrolados. O primeiro desses emakimono, o Ingá Kyô, é a cópia de uma obra chinesa e separa nitidamente o texto da pintura.

A partir da metade do século XII, surgem os primeiros emakimono com estilo japonês. O Genji Monogatari Emaki é o exemplar de emakimono mais antigo conservado, sendo o mais famoso o Chojugiga, atribuído ao bonzo Kakuyu Toba e preservado no templo de Kozangi em Kyoto. Nesses últimos surgem, diversas vezes, textos explicativos após longas cenas de pintura. Essa prevalência da imagem assegurando sozinha a narração é hoje uma das características mais importantes dos mangás.

No período Edo, em que os rolos são substituídos por livros, as estampas eram inicialmente destinadas à ilustração de romances e poesias, mas rapidamente surgem livros para ver em oposição aos livros para ler, antes do nascimento da estampa independente com uma única ilustração: o ukiyo-e no século XVI. É, aliás, Katsushika Hokusai o precursor da estampa de paisagens, nomeando suas célebres caricaturas publicadas de 1814 à 1834 em Nagoya, cria a palavra mangá — significando “desenhos irresponsáveis” — que pode ser escrita, em japonês, das seguintes formas: Kanji, Hiragana, Katakana e Romaji (Manga).

Os mangás não tinham, no entanto, sua forma atual, que surge no início do século XX sob influência de revistas comerciais ocidentais provenientes dos Estados Unidos e Europa. Tanto que chegaram a ser conhecidos como Ponchie (abreviação de Punch-picture) como a revista britânica, origem do nome, Punch Magazine (Revista Punch), os jornais traziam humor e sátiras sociais e políticas em curtas tiras de um ou quatro quadros.



Diversas séries comparáveis as de além-mar surgem nos jornais japoneses: Norakuro Joutouhei (Primeiro Soldado Norakuro) uma série antimilitarista de Tagawa Suiho, e Boken Dankichi (As aventuras de Dankichi) de Shimada Keizo são as mais populares até a metade dos anos quarenta, quando toda a imprensa foi submetida à censura do governo, assim como todas as atividades culturais e artísticas. Entretanto, o governo japonês não hesitou em utilizar os quadrinhos para fins de propaganda. Sob ocupação americana após a Segunda Guerra Mundial, os mangakas, como os desenhistas são conhecidos, sofrem grande influência das histórias em quadrinhos ocidentais da época, traduzidas e difundidas em grande quantidade na imprensa cotidiana. Nessa época, mangás eram bastante caros, começaram a surgir compilações em akahons (ou akabons, livros vermelhos), livros produzidos com papel mais barato e capa vermelha e do tamanho dos cartões postais. É então que um artista influenciado por Walt Disney e Max Fleischer revoluciona esta forma de expressão e dá vida ao mangá moderno: Osamu Tezuka. As características faciais semelhantes às dos desenhos de Disney e Fleischer, onde olhos (sobretudo Betty Boop), boca, sobrancelhas e nariz são desenhados de maneira bastante exagerada para aumentar a expressividade dos personagens tornaram sua produção possível. É ele quem introduz os movimentos nas histórias através de efeitos gráficos, como linhas que dão a impressão de velocidade ou onomatopeias que se integram com a arte, destacando todas as ações que comportassem movimento, mas também, e acima de tudo, pela alternância de planos e de enquadramentos como os usados no cinema. As histórias ficaram mais longas e começaram a ser divididas em capítulos. Um rosto desenhado no estilo do mangá. Em 1947, Tezuka criou publicou no formato akahon, um mangá escrito por Sakai Shichima, Shin Takarajima (A Nova Ilha do Tesouro), um título de grande de sucesso que chegou a vender 400 mil exemplares.


Para os japoneses as histórias em quadrinhos são leitura comum de uma faixa etária bem mais abrangente do que a infanto-juvenil. A sociedade japonesa é ávida por leitura e em toda parte vê-se desde adultos até crianças lendo as revistas. Portanto, o público-consumidor é muito extenso, com tiragens na casa dos milhões e o desenvolvimento de vários estilos para agradar a todos os gostos. Por isso os mangás são comumente classificados de acordo com seu público-alvo. Histórias onde o público alvo são meninos — o que não quer dizer que garotas não devam lê-los — são chamados de shounen (garoto jovem, adolescente, em japonês) como One Piece, Naruto, Bleach etc. e tratam normalmente de histórias de ação, amizade e aventura. Histórias que atualmente visam meninas são chamadas de shoujo (garota jovem em japonês) e têm como característica marcante as sensações e sensibilidade da personagem e do meio (também existem garotos que leem shoujo.) como Nana. Além desses, existe o gekigá, que é uma corrente mais realista voltada ao público adulto (não necessariamente são pornográficos ou eróticos) como, por exemplo Lobo Solitário e ainda os gêneros seinen para homens jovens e josei para mulheres. Os traços típicos encontrados nas histórias cômicas (olhos grandes, expressões caricatas) não são encontrados nessa última corrente. Existem também os pornográficos, apelidados hentai. As histórias yuri abordam a relação homossexual feminina e o yaoi (ou Boys Love) trata da relação amorosa entre dois homens, mas ambos não possuem necessariamente cenas de sexo explícito. Os edumangás que são mangás didáticos voltados para o ensino de diversas matérias.


[textos]

crónica Mr. Dheo graffiter

Mr.Dheo esteve sempre ligado à Arte. Aos três anos de idade começou a copiar frases de jornais e revistas e a desenhar sozinho. Rejeitando sempre qualquer tipo de envolvência a uma escola ou curso de Arte durante a adolescência desenvolveu as suas próprias técnicas, o que lhe permitiu registar uma evolução sem influências directas. Como autodidacta, o seu primeiro contacto com o graffiti surgiu aos quinze anos e rapidamente os seus desenhos se transformaram em inúmeros estudos de letras. Meses mais tarde fez o primeiro trabalho na rua e foi conhecendo outros artistas com os quais se identificava e que o motivavam a continuar. Hoje – depois de dez anos de trabalho contínuo – Mr.Dheo colabora com conhecidas marcas e empresas internacionais apesar de eleger a rua como o local perfeito para criar. Versátil, dedica-se sobretudo a produções foto realistas que, conjugadas com componentes gráficas, lhe conferem um estilo próprio em constante crescimento e desenvolvimento.

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[agenda] NUM PALCO PERTO DE SI

concertos 3 janeiro

alabama gospel choir Casa da música, Porto

8 janeiro

mario laginha Orquestra Sinfonica do Porto, Lisboa

12 janeiro

Foge foge bandido Cineteatro, Torres Vedras

13 janeiro

FOGE FOGE BANDIDO 12 JANEIRO cineteatro, Torres Vedras 21.00 horas 10.00 euros “Foge Foge Bandido é um projecto de longa data, que foi ficando com o tempo de sobra. São músicas que eu fiz, algumas têm 10 anos e que fui gravando e agora estou a acabar o trabalho. Fui convidando, aparecia gente em minha casa, aquilo no início não era um projecto, eram músicas, aparecia um gajo em minha casa que até podia nem ser músico e íamos curtir para o teclado, gravávamos umas coisas. Ou tinha uma música e gravavam um teclado por cima. Canções com arranjos muito mais diferentes dumas músicas para as outras. Ali vale um bocado tudo, não é como nos Pluto que não vale, mas é um projecto experimental, digamos assim, mais caseiro.” Manuel Cruz

xutos e pontapes Hard Rock, Porto

14 janeiro

clã Teatro Municipal, Vila do Conde

15 janeiro

Rodrigo leão Centro de artes e espectaculos, Guimarens

21 janeiro

the tigerman Hard Rock, Porto

22 janeiro

deolinda Coliseu dos recreios, Lisboa

24 janeiro

feeder Hard Club, Porto

29 janeiro

virgem suta Teatro Municipal, Portimão

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