PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E EDUCACIONAL - Pos.ajes.edu.br ...
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CURSO: <strong>PSICOPEDAGOGIA</strong> <strong>CLÍNICA</strong> E <strong>EDUCACIONAL</strong><<strong>br</strong> />
INTRODUÇÃO A <strong>PSICOPEDAGOGIA</strong> | PROF. MS. Alberico Cony Cavalcanti<<strong>br</strong> />
Aluno (a) _____________________________________________
Instituto Superior de Educaçaçãodo Vale do Juruena<<strong>br</strong> />
Associação Juinense de Ensino Superior do Vale do Juruena<<strong>br</strong> />
Pós-Graduação Lato Sensu em <strong>PSICOPEDAGOGIA</strong> E EDUCAÇÃO INFANTIL<<strong>br</strong> />
Prof. MS. ALBERICO CONY CAVALCANTI<<strong>br</strong> />
INTRODUÇÃO<<strong>br</strong> />
Visamos desenvolver com a presente apostila, a capacidade de sentir,<<strong>br</strong> />
de compreender, de argumentar, de imaginar, de gerar insights, so<strong>br</strong>e a<<strong>br</strong> />
sociedade no contexto mundial e, especialmente, no contexto <strong>br</strong>asileiro, dentro<<strong>br</strong> />
do desafio sem fim de construí-las sempre mais harmonizadas, equili<strong>br</strong>adas e<<strong>br</strong> />
igualitárias.<<strong>br</strong> />
É indispensável para o <strong>edu</strong>cador, sociólogo, psicólogo, médico ou para<<strong>br</strong> />
qualquer profissional e para o aluno, o exercício da reflexão, que nos leve,<<strong>br</strong> />
so<strong>br</strong>etudo, a compreender 1 – além de entender a sociedade – como um todo,<<strong>br</strong> />
constituída pela “soma” dos indivíduos, dos lares, pela formação das instituições,<<strong>br</strong> />
pela constituição do Estado.<<strong>br</strong> />
Indispensável perceber a panorâmica dos problemas atuais que<<strong>br</strong> />
estamos vivendo: desemprego, violência e criminalidade, poluição, saúde,<<strong>br</strong> />
<strong>edu</strong>cação, desigualdade social, habitação, entre outros, onde o indivíduo é o<<strong>br</strong> />
epicentro.<<strong>br</strong> />
Perceber que embora a geração de empregos tenha aumentado nos<<strong>br</strong> />
últimos anos, graças ao crescimento da economia, ainda existe milhões de<<strong>br</strong> />
<strong>br</strong>asileiros desempregados.<<strong>br</strong> />
A violência está crescendo a cada dia, principalmente nas grandes<<strong>br</strong> />
cidades <strong>br</strong>asileiras. Os crimes estão cada vez mais presentes no cotidiano das<<strong>br</strong> />
pessoas.<<strong>br</strong> />
O problema ambiental tem afetado diretamente a saúde das pessoas<<strong>br</strong> />
em nosso país. Os rios estão sendo poluídos por lixo doméstico e industrial,<<strong>br</strong> />
trazendo doenças e afetando os ecossistemas. O ar, principalmente nas grandes<<strong>br</strong> />
cidades, está recendo toneladas de gases poluentes, derivados da queima de<<strong>br</strong> />
combustíveis fósseis. Nos dias de hoje, pessoas que possuem uma condição<<strong>br</strong> />
financeira melhor estão procurando os planos de saúde e o sistema privado, pois<<strong>br</strong> />
a saúde pública encontra-se em estado de crise aguda. Os dados so<strong>br</strong>e o<<strong>br</strong> />
desempenho dos alunos, principalmente da rede pública de ensino, são<<strong>br</strong> />
alarmantes. A <strong>edu</strong>cação pública encontra vários problemas e dificuldades:<<strong>br</strong> />
prédios mal conservados, falta de professores, poucos recursos didáticos, baixos<<strong>br</strong> />
salários, greves, violência dentro das escolas e, neste item, nos estenderemos<<strong>br</strong> />
um pouco mais nesta introdução para falar especificamente do bullying.<<strong>br</strong> />
Bullying é um termo da língua inglesa (bully = “valentão”) que se<<strong>br</strong> />
refere a todas as formas de atitudes agressivas, verbais ou físicas, intencionais e<<strong>br</strong> />
repetitivas, que ocorrem sem motivação evidente e são exercidas por um ou<<strong>br</strong> />
mais indivíduos. Esta ação causa dor e angústia, com o objetivo de intimidar ou<<strong>br</strong> />
1 Compreender, em sentido próprio, supõe algo mais do que o frio entendimento de uma<<strong>br</strong> />
mensagem objetiva: envolve, de algum modo, a captação de um alguém, um alguém vivo e<<strong>br</strong> />
concreto que expressou aquela mensagem. Nesses contextos, "compreender" não se deixa<<strong>br</strong> />
substituir por "entender", "conhecer" etc.<<strong>br</strong> />
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Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didático.<<strong>br</strong> />
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agredir outra pessoa sem ter a possibilidade ou capacidade de se defender,<<strong>br</strong> />
sendo realizadas dentro de uma relação desigual de forças ou poder.<<strong>br</strong> />
O bullying se divide em duas categorias:<<strong>br</strong> />
a) Bullying direto, que é a forma mais comum entre os agressores<<strong>br</strong> />
masculinos e<<strong>br</strong> />
b) Bullying indireto, sendo essa a forma mais comum entre<<strong>br</strong> />
mulheres e crianças, tendo como característica o isolamento<<strong>br</strong> />
social da vítima.<<strong>br</strong> />
Em geral, a vítima teme o agressor em razão das ameaças ou mesmo<<strong>br</strong> />
a concretização da violência, física ou sexual, ou a perda dos meios de<<strong>br</strong> />
subsistência.<<strong>br</strong> />
O bullying é um problema mundial, podendo ocorrer em praticamente<<strong>br</strong> />
qualquer contexto no qual as pessoas interajam, tais como escola,<<strong>br</strong> />
faculdade/universidade, família, mas pode ocorrer também no local de trabalho e<<strong>br</strong> />
entre vizinhos. Há uma tendência das escolas não admitirem a ocorrência do<<strong>br</strong> />
bullying entre seus alunos; ou desconhecem o problema ou se negam a<<strong>br</strong> />
enfrentá-lo. Esse tipo de agressão geralmente ocorre em áreas onde a presença<<strong>br</strong> />
ou supervisão de pessoas adultas é mínima ou inexistente. Estão inclusos no<<strong>br</strong> />
bullying os apelidos pejorativos criados para humilhar os colegas.<<strong>br</strong> />
As pessoas que testemunham o bullying, na grande maioria, alunos,<<strong>br</strong> />
convivem com a violência e se silenciam em razão de temerem se tornar as<<strong>br</strong> />
“próximas vítimas” do agressor. No espaço escolar, quando não ocorre uma<<strong>br</strong> />
efetiva intervenção contra o bullying, o ambiente fica contaminado e os alunos,<<strong>br</strong> />
sem exceção, são afetados negativamente, experimentando sentimentos de<<strong>br</strong> />
medo e ansiedade.<<strong>br</strong> />
As crianças ou adolescentes que sofrem bullying podem se tornar<<strong>br</strong> />
adultos com sentimentos negativos e baixa auto-estima. Tendem a adquirir<<strong>br</strong> />
sérios problemas de relacionamento, podendo, inclusive, contrair comportamento<<strong>br</strong> />
agressivo. Em casos extremos, a vítima poderá tentar ou cometer suicídio.<<strong>br</strong> />
O autor das agressões geralmente são pessoas que têm pouca<<strong>br</strong> />
empatia, pertencentes à famílias desestruturadas, em que o relacionamento<<strong>br</strong> />
afetivo entre seus mem<strong>br</strong>os tende a ser escasso ou precário. Por outro lado, o<<strong>br</strong> />
alvo dos agressores geralmente são pessoas pouco sociáveis, com baixa<<strong>br</strong> />
capacidade de reação ou de fazer cessar os atos prejudiciais contra si e possuem<<strong>br</strong> />
forte sentimento de insegurança, o que os impede de solicitar ajuda.<<strong>br</strong> />
No Brasil, uma pesquisa realizada em 2010 com alunos de escolas<<strong>br</strong> />
públicas e particulares revelou que as humilhações típicas do bullying são<<strong>br</strong> />
comuns em alunos da 5ª e 6ª séries. As três cidades <strong>br</strong>asileiras com maior<<strong>br</strong> />
incidência dessa prática são: Brasília, Belo Horizonte e Curitiba.<<strong>br</strong> />
Os atos de bullying ferem princípios constitucionais – respeito à<<strong>br</strong> />
dignidade da pessoa humana – e ferem o Código Civil, que determina que todo<<strong>br</strong> />
ato ilícito que cause dano a outrem gera o dever de indenizar. O responsável<<strong>br</strong> />
pelo ato de bullying pode também ser enquadrado no Código de Defesa do<<strong>br</strong> />
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Consumidor, tendo em vista que as escolas prestam serviço aos consumidores e<<strong>br</strong> />
são responsáveis por atos de bullying que ocorram dentro do estabelecimento de<<strong>br</strong> />
ensino/trabalho.<<strong>br</strong> />
O Brasil é um país de grande contraste social. A distribuição de renda<<strong>br</strong> />
é desigual, sendo que uma pequena parcela da sociedade é muito rica, enquanto<<strong>br</strong> />
grande parte da população vive na po<strong>br</strong>eza e miséria. Embora a distribuição de<<strong>br</strong> />
renda tenha melhorado nos últimos anos, em função dos programas sociais,<<strong>br</strong> />
ainda vivemos num país muito injusto.<<strong>br</strong> />
O déficit habitacional é grande. Existem milhões de famílias que não<<strong>br</strong> />
possuem condições habitacionais adequadas. Nas grandes e médias cidades é<<strong>br</strong> />
muito comum a presença de favelas e cortiços. Encontramos também pessoas<<strong>br</strong> />
morando nas ruas, embaixo de viadutos e pontes.<<strong>br</strong> />
O que fazer? Educar! Como?<<strong>br</strong> />
A construção da identidade pessoal e coletiva é um processo de<<strong>br</strong> />
construção de sujeitos enquanto pessoas, enquanto seres humanos. Tal processo<<strong>br</strong> />
é marcado pela contingência que imprime a abertura que lhe é característica,<<strong>br</strong> />
dentro do reconhecimento que emana das relações sociais. O indivíduo define-se<<strong>br</strong> />
a partir de como se reconhece no desempenho de papéis sociais e de como é<<strong>br</strong> />
reconhecido pelos outros no meio social. Neste sentido a principal referência de<<strong>br</strong> />
identidade é a família e, posteriormente o relacionamento consigo próprio. Esta<<strong>br</strong> />
constituição no jogo do reconhecimento forma-se, então, por dois pólos – o do<<strong>br</strong> />
auto-reconhecimento (como o sujeito se reconhece) e o do alter-reconhecimento<<strong>br</strong> />
(como é reconhecido pelos outros).<<strong>br</strong> />
Considerar a identidade inserida nesse jogo pressupõe uma concepção<<strong>br</strong> />
do sujeito humano como portador da capacidade de simbolizar, de representar,<<strong>br</strong> />
de criar e compartilhar significados em relação aos objetos com os quais convive.<<strong>br</strong> />
Contudo, penso que não poderemos tomar o processo da construção da<<strong>br</strong> />
identidade esquecendo, por exemplo, da globalização. O termo globalização<<strong>br</strong> />
aponta para duas imagens: a primeira pressupõe a extensão de uma<<strong>br</strong> />
determinada cultura até seu limite, o globo. As culturas heterogêneas tornam-se<<strong>br</strong> />
incorporadas e integradas a uma cultura dominante, que acaba por co<strong>br</strong>ir o<<strong>br</strong> />
mundo inteiro. Coisas que eram mantidas separadas são agora colocadas em<<strong>br</strong> />
contato e justaposição. As culturas se acumulam umas so<strong>br</strong>e as outras, se<<strong>br</strong> />
empilham, sem princípios óbvios de organização.<<strong>br</strong> />
Esta definição nos garante que todos nós já estamos incluídos de<<strong>br</strong> />
algum modo em todos os espaços, inclusive num sistema de comunicação. No<<strong>br</strong> />
entanto, observamos que a discussão so<strong>br</strong>e o tema é acirrada, principalmente no<<strong>br</strong> />
meio intelectual <strong>br</strong>asileiro: quais diferenças terão permissão para permanecer<<strong>br</strong> />
nessa incorporação de culturas? Qual é o problema a ser observado se a<<strong>br</strong> />
globalização mescla mundo, mistura valores? Por que nos inquietarmos diante<<strong>br</strong> />
desse fenômeno e por que a exclusão fica tão evidente?<<strong>br</strong> />
Se existe necessidade de falarmos so<strong>br</strong>e inclusão é porque estamos em<<strong>br</strong> />
dúvida so<strong>br</strong>e o conceito de pessoa humana. E se este conceito está sob<<strong>br</strong> />
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suspeita é porque as formas de conhecimento de que dispomos estão<<strong>br</strong> />
desequili<strong>br</strong>adas em relação ao nosso modo de ser e de agir no cotidiano.<<strong>br</strong> />
Diante desta realidade novas perguntas podem ser formuladas<<strong>br</strong> />
complementando as primeiras: o que está acontecendo com a pessoa<<strong>br</strong> />
humana e a consciência humana? Por que ela está confusa com relação<<strong>br</strong> />
às imagens da realidade? E que realidade é esta que nos invade,<<strong>br</strong> />
disfarçada, escondida em simbolismos dissimulados e manipuladores?<<strong>br</strong> />
Essas inquietações nos alcançam como profissionais da <strong>edu</strong>cação,<<strong>br</strong> />
da aprendizagem humana, além de outros profissionais. Nós que mantemos<<strong>br</strong> />
contato permanente com a pessoa humana deveremos “promover” a saúde<<strong>br</strong> />
mental, emocional, psicológica e, consequentemente, a saúde física. Ensinamos<<strong>br</strong> />
sem medo de aprender? Deveremos trabalhar a nossa visão dia a dia, a nossa<<strong>br</strong> />
consciência e a nossa identidade.<<strong>br</strong> />
Durante toda a vida, no processo de desenvolvimento normal, a<<strong>br</strong> />
identidade vai se constituindo; a criança representa formas sociais de acordo<<strong>br</strong> />
como elas são sintetizadas no seu mundo psíquico em desenvolvimento; o<<strong>br</strong> />
adolescente integra de forma desordenada estas imagens; o adulto as<<strong>br</strong> />
disponibiliza em sistemas coerentes de valores no mundo do trabalho e das<<strong>br</strong> />
relações afetivas; o idoso torna-se generativo, íntegro e sábio.<<strong>br</strong> />
Sabemos que a consciência humana está ligada a um processo de<<strong>br</strong> />
constante expansão responsável em grande parte pela construção da identidade.<<strong>br</strong> />
Ou seja, ao longo da vida o ser humano vai integrando aos poucos as imagens<<strong>br</strong> />
de si mesmo e vai diferenciando, num trabalho delicado, as representações de si<<strong>br</strong> />
e as representações das coisas que estão fora de si.<<strong>br</strong> />
Portanto, as influências da cultura, as regras, as proibições devem ser<<strong>br</strong> />
bem apresentadas ao sujeito em desenvolvimento para que ele possa<<strong>br</strong> />
representar significativamente este conjunto de informações e possa alicerçar e<<strong>br</strong> />
sustentar sua identidade como sujeito único e como sujeito social.<<strong>br</strong> />
A expansão da consciência humana mais do que em nenhum outro<<strong>br</strong> />
tempo é, sem duvida, um dos principais fenômenos responsáveis pela<<strong>br</strong> />
compreensão de nossa época. Através dela poderemos conseguir decifrar o<<strong>br</strong> />
conteúdo simbólico da realidade. Será que estamos cegos diante das novas<<strong>br</strong> />
éticas que nos forçam a nos sentir incluídos quando não estamos? Qual a<<strong>br</strong> />
inclusão que defendemos?<<strong>br</strong> />
A Educação prioriza os aspectos cognitivos do aluno em detrimento de<<strong>br</strong> />
outros fatores também importantes para o processo <strong>edu</strong>cativo. Não devemos<<strong>br</strong> />
pensar apenas na cabeça do aluno, pois o coração também é importante. A<<strong>br</strong> />
inteligência emocional, não obstante Daniel Goleman 2 trazer o excelente<<strong>br</strong> />
contributo na década de 90, está esquecida e a inteligência volitiva nem sequer é<<strong>br</strong> />
considerada. Nessa dimensão podemos citar que o termo Pedagogia do Afeto foi<<strong>br</strong> />
criado para designar relações interpessoais de afetividade em sala de aula e está<<strong>br</strong> />
fundamentada na Psicologia Transpessoal conhecida como a quarta força,<<strong>br</strong> />
2 GOLEMAN, Daniel. Trabalhando com a inteligência emocional. Rio de Janeiro: Objetiva, 1999.<<strong>br</strong> />
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oriunda dos estudos de Maslow, Sutich, Fadiman e Grof, muito embora Jung<<strong>br</strong> />
tenha sido o pioneiro a considerar a dimensão espiritual do ser humano.<<strong>br</strong> />
Nessa linha é que se fundamenta esse modelo de ensino voltado para o<<strong>br</strong> />
ser, pela necessidade de se pensar nas mudanças que ocorrem na<<strong>br</strong> />
contemporaneidade no que tange à <strong>edu</strong>cação dos indivíduos.<<strong>br</strong> />
No século XXI a formação intelectual do aluno deve envolver também<<strong>br</strong> />
a sua formação emocional, ou então, corre-se o risco de enfatizar demais o<<strong>br</strong> />
cognitivo, formando indivíduos intelectualizados e desequili<strong>br</strong>ados<<strong>br</strong> />
emocionalmente. Os objetivos curriculares deverão contemplar equilí<strong>br</strong>io<<strong>br</strong> />
emocional e competência profissional de modo que sejam lançados no mercado<<strong>br</strong> />
de trabalho seres humanos desejosos de melhor qualidade de vida.<<strong>br</strong> />
Maturana, citado por Humberto Mariotti 3 , define bem quando afirma<<strong>br</strong> />
que ”vivemos uma cultura na qual desvaloriza as emoções, e não vemos o<<strong>br</strong> />
entrelaçamento cotidiano entre razão e emoção, que constitui o viver humano, e<<strong>br</strong> />
não nos damos conta de que todo sistema racional tem um fundamento<<strong>br</strong> />
emocional”.<<strong>br</strong> />
O ambiente de sala de aula, este espaço físico onde convivem seres<<strong>br</strong> />
humanos desempenhando os papéis de professor e de alunos tanto pode ser<<strong>br</strong> />
alegre, agradável, realizador e gratificante, quanto pode ser gerador de<<strong>br</strong> />
ansiedade, estresse, insegurança ou aversão. Podemos considerar também que<<strong>br</strong> />
esse conjunto de fatores bons ou ruins, em grande parte, é decorrente das<<strong>br</strong> />
relações pessoais que se estabelecem entre os próprios alunos, ou entre os<<strong>br</strong> />
alunos e seus professores.<<strong>br</strong> />
Como não se pode separar o pedagógico do humano, a qualidade de<<strong>br</strong> />
todo o processo de ensinar e de aprender, decorre do tipo de relações<<strong>br</strong> />
interpessoais que são mantidas em sala de aula. A Pedagogia do Afeto procura<<strong>br</strong> />
aplicar uma didática em sala de aula que possa permear de afetividade as<<strong>br</strong> />
relações docentes e discentes, de modo a melhorar a qualidade dos<<strong>br</strong> />
relacionamentos e a produtividade em sala de aula.<<strong>br</strong> />
Sabemos que o processo <strong>edu</strong>cativo envolve a demonstração de<<strong>br</strong> />
competências e habilidades e uma serie de exigências e de fatores extrínsecos ao<<strong>br</strong> />
ambiente de sala de aula, tanto no que se refere ao aluno quanto ao professor.<<strong>br</strong> />
Sabemos também que as variáveis que mais interferem na ausência de<<strong>br</strong> />
aprendizagem do aluno estão situadas na sala de aula permeando a atenção, a<<strong>br</strong> />
motivação e o interesse do aluno.<<strong>br</strong> />
Essas variáveis existem no aspecto físico (iluminação, ambientação,<<strong>br</strong> />
recursos didáticos e mobiliários) como também no aspecto humano (atitude do<<strong>br</strong> />
professor, metodologia utilizada, interação professor - aluno, interação aluno -<<strong>br</strong> />
aluno, nível de atenção, entre outros). Por isso, é de fundamental<<strong>br</strong> />
importância em se estabelecer relações de segurança, de cooperação, de<<strong>br</strong> />
amizade e de prazer em estar com os outros.<<strong>br</strong> />
3 MARIOTTI, Humberto. As Paixões do Ego. Complexidade, Política e Solidariedade. São Paulo:<<strong>br</strong> />
Palas Athenas, 2000.<<strong>br</strong> />
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Em geral em todo início de aula há a necessidade do professor<<strong>br</strong> />
direcionar a atenção dos alunos para a matéria daquele momento, para propor<<strong>br</strong> />
as atividades, porém nem sempre isso é possível quando se trabalha com<<strong>br</strong> />
crianças ou adolescentes que chegam com suas novidades e suas agitações tão<<strong>br</strong> />
próprias dessas fases de desenvolvimento.<<strong>br</strong> />
Para se conseguir a atenção de todos “A pedagogia do Afeto” se utiliza<<strong>br</strong> />
de técnicas de respiração ritmada acompanhada ou não de música suave. Adota<<strong>br</strong> />
também técnicas de relaxamento, de meditação, de automassagem, de interação<<strong>br</strong> />
afetiva, de visualização criativa, de trocas energéticas e de outras dinâmicas que<<strong>br</strong> />
possam favorecer relacionamentos interpessoais afetivos, cooperativos e<<strong>br</strong> />
otimizados.<<strong>br</strong> />
Para finalizar, a Pedagogia do Afeto pode complementar o trabalho<<strong>br</strong> />
da Psicopedagogia Preventiva, não só no seu objetivo de evitar<<strong>br</strong> />
dificuldades de aprendizagem, mas de otimizar relações humanas<<strong>br</strong> />
afetivas no ambiente escolar.<<strong>br</strong> />
Falamos so<strong>br</strong>e identidade pessoal; poderemos falar so<strong>br</strong>e a identidade<<strong>br</strong> />
profissional. Se falamos so<strong>br</strong>e a identidade pessoal considerando os aspectos<<strong>br</strong> />
ligados ao individual, a idéia da identidade profissional leva-nos a pensar mais<<strong>br</strong> />
em aspectos do social.<<strong>br</strong> />
Podemos associar, de certo modo, a construção da identidade pessoal<<strong>br</strong> />
ao processo de socialização primária e a construção da identidade social, ao<<strong>br</strong> />
processo de socialização secundária. A internalização de papéis caracteriza-se<<strong>br</strong> />
como um fenômeno de aprendizagem.<<strong>br</strong> />
A identidade pessoal diz respeito à própria construção pessoal do<<strong>br</strong> />
sujeito, objeto de estudo da Psicologia. A identidade social, por sua vez, objeto<<strong>br</strong> />
de estudo mais especificamente da Sociologia, refere-se a pessoas consideradas<<strong>br</strong> />
mem<strong>br</strong>os da mesma categoria, por características comuns, o que caracteriza o<<strong>br</strong> />
campo da identidade comum, independentemente de conviverem juntos. É nesse<<strong>br</strong> />
sentido, pois, que estamos tomando a identidade profissional como um tipo de<<strong>br</strong> />
identidade social.<<strong>br</strong> />
A concepção de identidade social, conforme explicitada acima, não<<strong>br</strong> />
pode, portanto, ser fundamentada no princípio de igualdade lógica, onde A = A.<<strong>br</strong> />
Ao invés dessa relação que não admite diferença, há uma relação de<<strong>br</strong> />
semelhança, pela qual os “pares” que compartilham algumas semelhanças não<<strong>br</strong> />
necessariamente precisam estar diante de iguais.<<strong>br</strong> />
Acima perguntamos o que fazer. Educar, respondemos. Logo depois<<strong>br</strong> />
perguntamos: como?<<strong>br</strong> />
Percebemos com essa introdução que necessitamos de compreensões<<strong>br</strong> />
trazidas por vários olhares: o filosófico, o sociológico, o psicológico, o pedagógico<<strong>br</strong> />
etc. Precisamos, então, de um trabalho interdisciplinar, onde os olhares<<strong>br</strong> />
contribuam para a formação do homem e da mulher integrais. Se a identidade<<strong>br</strong> />
pessoal é algo que vai sendo construída num processo de tomada de consciência<<strong>br</strong> />
gradativa das capacidades, possibilidades e probabilidades das relações<<strong>br</strong> />
intrapessoais, a identidade profissional é construída, não desconsiderando as<<strong>br</strong> />
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relações intra, pelas relações interpessoais, permitindo-nos construir um projeto<<strong>br</strong> />
maior, mais importante: o do grupo social ao qual pertencemos.<<strong>br</strong> />
Isto possibilitará a formação de sociedades mais igualitárias, no<<strong>br</strong> />
sentido democrático, orientadas pela idéia de que o bem comum deverá<<strong>br</strong> />
prevalecer so<strong>br</strong>e apropriações individuais ou minoritárias. Competência,<<strong>br</strong> />
envolvimento, sentimento, compromisso, marcam o itinerário de todos nós que<<strong>br</strong> />
trabalhamos por uma <strong>edu</strong>cação melhor e mais igualitária para todos, afirmandoa<<strong>br</strong> />
diariamente.<<strong>br</strong> />
O hábito do estudo sistematizado, o domínio da interpretação através<<strong>br</strong> />
do mundo da leitura que nos leve a leitura do mundo, para que vivamos<<strong>br</strong> />
contextualizado, devendo pautar-nos por diretrizes metodológicas que<<strong>br</strong> />
desenvolvam a contento, com eficiência e competência, a arte do pensar<<strong>br</strong> />
inteligente, da investigação, da criatividade, do imaginar, do relacionar, para<<strong>br</strong> />
sentirmo-nos concretamente integrado àquele projeto maior: o projeto do grupo<<strong>br</strong> />
social.<<strong>br</strong> />
Ao nos propormos construir uma apostila so<strong>br</strong>e INTRODUÇÃO A<<strong>br</strong> />
<strong>PSICOPEDAGOGIA</strong>, dispensamos nossa atenção ao ser humano – ao homem e<<strong>br</strong> />
à mulher – à sociedade, tomando um posicionamento baseado no potencial<<strong>br</strong> />
de realização do ser humano, para que todas as atitudes sociais sejam<<strong>br</strong> />
efetivas na concretização de ações voltadas para a organização de serviços e<<strong>br</strong> />
recursos <strong>edu</strong>cacionais, integrativos, que verdadeiramente promovam,<<strong>br</strong> />
transformem as crianças pequenas, as crianças, os jovens, os adultos e os da<<strong>br</strong> />
melhor idade, em cidadãos críticos, criativos, responsáveis, para que todos<<strong>br</strong> />
possamos, juntos, fluir uma vida social digna, saudável, feliz, portanto, cidadã e<<strong>br</strong> />
ecologicamente profunda.<<strong>br</strong> />
A Ecologia Profunda foi proposta pelo filósofo norueguês Arne Naess<<strong>br</strong> />
em 1973 como uma resposta a visão dominante so<strong>br</strong>e o uso dos recursos<<strong>br</strong> />
naturais. O quadro abaixo demonstra, pelo menos em parte, as propostas de<<strong>br</strong> />
Arne Naess e as suas diferenças frente à visão de mundo predominante:<<strong>br</strong> />
VISÃO DOMINANTE ECOLOGIA PROFUNDA<<strong>br</strong> />
DOMÍNIO DA NATUREZA HARMONIA COM A NATUREZA<<strong>br</strong> />
AMBIENTE NATURAL COMO RECURSO<<strong>br</strong> />
PARA OS SERES HUMANOS<<strong>br</strong> />
SERES HUMANOS SÃO SUPERIORES<<strong>br</strong> />
AOS DEMAIS SERES VIVOS<<strong>br</strong> />
CRESCIMENTO ECONÔMICO E<<strong>br</strong> />
MATERIAL COMO BASE PARA O<<strong>br</strong> />
CRESCIMENTO HUMANO<<strong>br</strong> />
CRENÇA EM AMPLAS<<strong>br</strong> />
RESERVAS DE RECURSOS<<strong>br</strong> />
PROGRESSO E SOLUÇÕES<<strong>br</strong> />
BASEADOS EM ALTA TECNOLOGIA<<strong>br</strong> />
TODA A NATUREZA TEM VALOR<<strong>br</strong> />
INTÍNSECO<<strong>br</strong> />
IGUALDADE ENTRE AS DIFERENTES<<strong>br</strong> />
ESPÉCIES<<strong>br</strong> />
OBJETIVOS MATERIAIS A SERVIÇO DE<<strong>br</strong> />
OBJETIVOS MAIORES DE AUTO-<<strong>br</strong> />
REALIZAÇÃO<<strong>br</strong> />
PLANETA TEM RECURSOS LIMITADOS<<strong>br</strong> />
TECNOLOGIA APROPRIADA E<<strong>br</strong> />
CIÊNCIA NÃO DOMINANTE<<strong>br</strong> />
CONSUMISMO FAZENDO COM O NECESSÁRIO E<<strong>br</strong> />
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COMUNIDADE NACIONAL CENTRALIZADA<<strong>br</strong> />
Instituto Superior de Educaçaçãodo Vale do Juruena<<strong>br</strong> />
Associação Juinense de Ensino Superior do Vale do Juruena<<strong>br</strong> />
Pós-Graduação Lato Sensu em <strong>PSICOPEDAGOGIA</strong> E EDUCAÇÃO INFANTIL<<strong>br</strong> />
Prof. MS. ALBERICO CONY CAVALCANTI<<strong>br</strong> />
RECICLANDO<<strong>br</strong> />
BIORREGIÕES E<<strong>br</strong> />
RECONHECIMENTO DE<<strong>br</strong> />
TRADIÇÕES DAS MINORIAS<<strong>br</strong> />
Não devemos esquecer, neste momento, de citar Edgar Morin com o<<strong>br</strong> />
seu livro: Os sete saberes necessários à Educação do Futuro 4 , que visa uma<<strong>br</strong> />
<strong>edu</strong>cação construtiva da totalidade, para o ser humano integral e não apenas a<<strong>br</strong> />
um de seus componentes. Os Saberes são: As cegueiras do conhecimento: o<<strong>br</strong> />
erro e a ilusão; Os princípios do conhecimento pertinente; Ensinar a condição<<strong>br</strong> />
humana; Ensinar a identidade terrena; Enfrentar as incertezas; Ensinar a<<strong>br</strong> />
compreensão; e A ética do gênero humano – sete eixos, e ao mesmo tempo,<<strong>br</strong> />
caminhos para uma construção <strong>edu</strong>cativa interdisciplinar, cidadã, ecologicamente<<strong>br</strong> />
profunda. Voltaremos ao assunto logo depois.<<strong>br</strong> />
Educar? Lem<strong>br</strong>a da pergunta? Depois perguntamos: como?<<strong>br</strong> />
Eis a questão: etimologicamente falando <strong>edu</strong>car significa Educare =<<strong>br</strong> />
amamentar, ou seja, fornecer o alimento para construção da autonomia, da<<strong>br</strong> />
ética, da liberdade com responsabilidade, ou seja, da cidadania. Ex-ducere =<<strong>br</strong> />
extrair de dentro, para, compreendendo o outro, a partir da compreensão que<<strong>br</strong> />
tenhamos de nós mesmo, realizar-se humanamente aplicando o instruere =<<strong>br</strong> />
construir para dentro, humanizando sempre com mais qualidade o humano.<<strong>br</strong> />
4 MORIN, Edgar. Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro. 8ª ed. São Paulo:<<strong>br</strong> />
Editora Cortez, 2003.<<strong>br</strong> />
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Capítulo 1. HÁBITOS SAUDÁVEIS: QUALIDADE DE VIDA,<<strong>br</strong> />
QUALIDADE DE APRENDIZAGEM.<<strong>br</strong> />
A existência humana é caracterizada por hábitos. Todo indivíduo que<<strong>br</strong> />
não os tem socialmente considerados bons, tem-nos maus.<<strong>br</strong> />
O ato gera o hábito e este constitui uma diferente natureza que se<<strong>br</strong> />
incorpora à conduta.<<strong>br</strong> />
O hábito é responsável pelo caráter do ser humano, tomando-o digno<<strong>br</strong> />
ou vulgar, conforme a contextura emocional de que se reveste, porquanto os<<strong>br</strong> />
valores que exornam a personalidade definem- lhe a forma de ser.<<strong>br</strong> />
A vida oferece recursos preciosos que nem sempre são valorizados<<strong>br</strong> />
conforme deveriam, em face da imperfeição humana, resultado dos hábitos<<strong>br</strong> />
nefastos adquiridos nos períodos anteriores do seu desenvolvimento moral.<<strong>br</strong> />
Arraigados no comportamento, procedentes dos instintos dominadores,<<strong>br</strong> />
tornam-se terríveis manifestações que retêm nos processos atrasados da<<strong>br</strong> />
evolução.<<strong>br</strong> />
Através dos hábitos são expressas as emoções e aspirações,<<strong>br</strong> />
geralmente aquelas que se mantêm como atavismos perturbadores, exigindo que<<strong>br</strong> />
a razão e o desco<strong>br</strong>imento das excelentes faculdades da alegria e do bem-viver<<strong>br</strong> />
reformulem-nos, dando início a novos atos que se hão de converter em<<strong>br</strong> />
automatismos felizes.<<strong>br</strong> />
Como decorrência disso, os hábitos de não valorizar o que se tem em<<strong>br</strong> />
detrimento do que não se possui, e que, certamente não faz falta de imediato,<<strong>br</strong> />
surgem as queixas e reclamações, o vocabulário chulo e descortês, as atitudes<<strong>br</strong> />
vulgares e descomprometidas.<<strong>br</strong> />
Seria de muito bom alvitre que se fizesse uma lista de tudo quanto se<<strong>br</strong> />
tem e é valioso, seja a respeito de pessoas, de coisas e de sentimentos.<<strong>br</strong> />
A relação se apresentaria muito expressiva, confirmando que a vida<<strong>br</strong> />
não são as ambições que se perseguem, mas deve converter-se em um hino de<<strong>br</strong> />
gratidão pelo de que se pode desfrutar e sequer tem sido valorizado.<<strong>br</strong> />
Em uma análise sucinta, que seja, em torno da organização fisiológica,<<strong>br</strong> />
das bênçãos dos sentidos, do funcionamento dos órgãos, da saúde, da lucidez<<strong>br</strong> />
mental e do equilí<strong>br</strong>io emocional, seria fácil constatar que tudo são concessões<<strong>br</strong> />
de Deus para a felicidade de todos.<<strong>br</strong> />
Se assim for feito, logo surge o sentimento de gratidão, que deve<<strong>br</strong> />
exornar a existência humana em todos os momentos.<<strong>br</strong> />
Nada obstante, as pessoas queixam-se de qualquer limite, dos<<strong>br</strong> />
pequenos impedimentos, das ocorrências naturais do processo existencial,<<strong>br</strong> />
reclamando sempre.<<strong>br</strong> />
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Existem as exceções, aquelas que dizem respeito às existências<<strong>br</strong> />
destituídas dos formosos patrimônios referidos, mesmo assim, desenhando a<<strong>br</strong> />
futura felicidade após esse trânsito mais difícil.<<strong>br</strong> />
Quantos corações afetuosos em torno da existência, a partir dos pais,<<strong>br</strong> />
mestres, amigos e conhecidos que se fizeram companheiros de jornada,<<strong>br</strong> />
constituindo uma verdadeira dádiva da vida!<<strong>br</strong> />
O essencial para a caminhada evolutiva todos possuem, em forma de<<strong>br</strong> />
coisas que se fazem importantes para o desempenho das tarefas. E quando<<strong>br</strong> />
escasseiam, razões existem para que assim ocorra, tornando-se lição de grande<<strong>br</strong> />
sabedoria em torno do necessário e do supérfluo que existem no mundo.<<strong>br</strong> />
Há sempre reclamações e queixas insensatas pelo que é secundário e<<strong>br</strong> />
desnecessário que se supõe faltar, quando se está abarrotado do indispensável<<strong>br</strong> />
com excedentes numerosos.<<strong>br</strong> />
Outros valores, como a fé, a esperança, a alegria, a honestidade, a<<strong>br</strong> />
confiança, os sentimentos que enriquecem a vida, aguardam ser reconhecidos, a<<strong>br</strong> />
fim de multiplicar-se.<<strong>br</strong> />
O hábito de expressar-se de maneira não convencional, usando<<strong>br</strong> />
vocabulário vulgar e agressivo, torna a pessoa inescrupulosa e doentia, porque<<strong>br</strong> />
investe com a sua formação defeituosa contra os demais, que nem sempre estão<<strong>br</strong> />
dispostos a esse tipo de conduta, afastando-se inevitavelmente da sua<<strong>br</strong> />
convivência.<<strong>br</strong> />
Da mesma forma que assim age, poderá criar novos hábitos de<<strong>br</strong> />
conversação saudável e prazenteira, gerando simpatia e sintonizando com as<<strong>br</strong> />
forças do bem, do bom e do belo, que permeiam todo o Cosmo.<<strong>br</strong> />
Igualmente comporta-se aquele que adota as expressões chocantes, o<<strong>br</strong> />
comportamento servil, descuidado, ameaçador.<<strong>br</strong> />
Desprezando-se e permitindo que nele se instalem os hábitos<<strong>br</strong> />
morbosos, eis que a sua conduta faz-se insensata, licenciosa, por falta do<<strong>br</strong> />
equilí<strong>br</strong>io que decorre do discernimento em torno dos deveres éticos para<<strong>br</strong> />
consigo mesmo e para com os outros.<<strong>br</strong> />
Os hábitos devem estruturar-se em comportamentos éticos, que vêm<<strong>br</strong> />
sendo desrespeitados, em face do afã de conseguir-se o triunfo, o sucesso de<<strong>br</strong> />
qualquer maneira, importando apenas alcançar-se o topo da aspiração, sem<<strong>br</strong> />
qualquer respeito pelos meios empregados.<<strong>br</strong> />
O sucesso, no entanto, está muito longe de ser essa situação invejosa<<strong>br</strong> />
que se coloca na condição de alcançar-se o destaque, o comando, a posição<<strong>br</strong> />
relevante.<<strong>br</strong> />
Pode-se atingir esse objetivo pelos meios escusos, o que é,<<strong>br</strong> />
relativamente freqüente, produzindo, porém, no íntimo, vazios existenciais e<<strong>br</strong> />
conflitos perturbadores que conduzem à usança de álcool e de outras drogas<<strong>br</strong> />
químicas, quando não às licenças morais perversas, que desestruturam,<<strong>br</strong> />
infelicitando.<<strong>br</strong> />
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O sucesso real é aquele que se baseia nos padrões da consciência livre<<strong>br</strong> />
de conflitos, harmonizada com os ideais que são perseguidos.<<strong>br</strong> />
São eles que formam o caráter, ensejando os sentimentos adequados<<strong>br</strong> />
para a existência harmônica, rica de compensações emocionais e espirituais.<<strong>br</strong> />
Assim procedendo-se, surge a real liberdade do ser, aquela que não<<strong>br</strong> />
pode ser cerceada por imposições políticas, religiosas, sociais, porque de<<strong>br</strong> />
natureza interior. Ninguém consegue impedir outrem de ser o que pensa,<<strong>br</strong> />
especialmente quando vinculado a objetivos dignificadores.<<strong>br</strong> />
Durante as perseguições de todo tipo, que sempre existiram na<<strong>br</strong> />
sociedade, os verdugos dos povos e dos indivíduos submeteram-nos ao seu<<strong>br</strong> />
talante, na face externa, naquela que diz respeito ao exterior, sem jamais<<strong>br</strong> />
conseguirem alteração profunda no sentido íntimo de cada um. Em razão disso,<<strong>br</strong> />
foram sempre de efêmera duração as suas governanças arbitrárias, porque a<<strong>br</strong> />
liberdade, o amor, a razão de ser e de pensar, que constituem as conquistas do<<strong>br</strong> />
processo evolutivo, são imbatíveis, indestrutíveis. Podem ficar envoltas na<<strong>br</strong> />
escuridão imposta, nunca, porém, sem possibilidade de expandir a luz que nelas<<strong>br</strong> />
existe. Passado o período som<strong>br</strong>io de dominação, e ei-las fulgurantes,<<strong>br</strong> />
conduzindo os indivíduos e as massas.<<strong>br</strong> />
O hábito, portanto, de pensar e de agir corretamente, torna-se<<strong>br</strong> />
indispensável para uma existência digna.<<strong>br</strong> />
Decorrente dele, a ação da gratidão assume postura compatível com<<strong>br</strong> />
as conquistas logradas, ensejando novos horizontes a serem alcançados.<<strong>br</strong> />
<strong>Pos</strong>sivelmente, por essa razão, quando Jesus ensinou aos Seus<<strong>br</strong> />
discípulos a Oração dominical, colocou em primeiro lugar a exaltação ao Pai que<<strong>br</strong> />
está nos Céus, santificando-Lhe o nome...<<strong>br</strong> />
A gratidão deve presidir todos os hábitos do ser humano, compondo<<strong>br</strong> />
um caráter ilibado pelos atos praticados, especialmente ante as diretrizes do<<strong>br</strong> />
Evangelho.<<strong>br</strong> />
A aprendizagem universitária, principalmente a da pós-graduação,<<strong>br</strong> />
pode ser resumida num único objetivo: aprender a pensar inteligentemente.<<strong>br</strong> />
Quando falamos da Psicopedagogia esta dimensão assume uma a<strong>br</strong>angência<<strong>br</strong> />
maior, pois, sem desconsiderar outros profissionais e especialistas, cabe, de<<strong>br</strong> />
forma específica ao psicopedagogo, intervir, orientar a direção para os “caminhos<<strong>br</strong> />
facilitadores” da aprendizagem integral, bem como orientar na resolução para<<strong>br</strong> />
que se supere os obstáculos do estudo e da aprendizagem.<<strong>br</strong> />
A grande dificuldade de se ensinar alguma coisa para alguém é saber<<strong>br</strong> />
se esse alguém quer aprender. Se quiser, tudo se torna mais fácil.<<strong>br</strong> />
Há pessoas, porém, que não querem e não gostam, mas precisam<<strong>br</strong> />
aprender. O grande desafio é ensinar também a essas pessoas. Você, talvez,<<strong>br</strong> />
seja a pessoa que não gosta de ler, não gosta de escrever, nem de falar em<<strong>br</strong> />
público, mas precisa aprender a escrever um bom texto ou falar para uma<<strong>br</strong> />
platéia seleta, para garantir o mínimo necessário ao desempenho profissional.<<strong>br</strong> />
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Se você quer aprender o mínimo, isso é possível. Escrever uma<<strong>br</strong> />
composição é como fazer uma construção. Você precisa de alicerce, de cimento,<<strong>br</strong> />
de tijolos e de cobertura. Você pode não contar com recursos ilimitados para<<strong>br</strong> />
garantir um bom acabamento, mas é possível se fazer uma boa construção,<<strong>br</strong> />
apresentável, com tijolos à vista e pouco material de acabamento. Tudo depende<<strong>br</strong> />
da habilidade do construtor.<<strong>br</strong> />
Quando você escreve um texto, o processo é o mesmo. Os<<strong>br</strong> />
substantivos são os tijolos da construção. Os verbos são argamassa que os une.<<strong>br</strong> />
Os complementos são o acabamento e a cobertura. O conhecimento do<<strong>br</strong> />
vocabulário e da gramática são os alicerces.<<strong>br</strong> />
Quando você trabalha com a relação ensino-aprendizagem o processo<<strong>br</strong> />
também é o mesmo. A paciência é o tijolo para construção. A indulgência é a<<strong>br</strong> />
argamassa que os une. A humildade participa no acabamento e na cobertura. O<<strong>br</strong> />
conhecimento interdisciplinar e a cultura formam o alicerce.<<strong>br</strong> />
Podemos criar uma fórmula – um chá – com três ingredientes:<<strong>br</strong> />
C – conhecimento, necessário para alicerçar seu trabalho.<<strong>br</strong> />
H – habilidade, que você desenvolve praticando.<<strong>br</strong> />
A – atitude, sem o que você nada fará.<<strong>br</strong> />
O conhecimento você adquire com seu esforço pessoal, habilidade você<<strong>br</strong> />
desenvolve, mas se não tiver a atitude de se empenhar e usar seus recursos isso<<strong>br</strong> />
de nada lhe adiantará. Você pode aprender nos livros e com os professores. Mas<<strong>br</strong> />
somente vai conseguir fazer um bom trabalho, quando quiser realmente fazêlo.<<strong>br</strong> />
Como falamos acima a pós-graduação, tem uma dimensão bastante<<strong>br</strong> />
ampla, porém, pode ser resumida num único objetivo: aprender a pensar<<strong>br</strong> />
inteligentemente. Daí, a tarefa do professor ser essencial. Sem uma atitude<<strong>br</strong> />
interdisciplinar, uma visão de totalidade, que estabeleça uma perspectiva<<strong>br</strong> />
metodológica a<strong>br</strong>angente, o professor pode tornar-se um dos determinantes do<<strong>br</strong> />
fracasso escolar, um dos maiores problemas hoje, sem dúvida, da <strong>edu</strong>cação<<strong>br</strong> />
<strong>br</strong>asileira.<<strong>br</strong> />
Para o psicopedagogo, nessa introdução, há necessidade de muita<<strong>br</strong> />
reflexão. Então, vejamos abaixo:<<strong>br</strong> />
Quantos quadrados você poderá formar com o desenho abaixo?<<strong>br</strong> />
ANOTE A LÁPIS: ___________________<<strong>br</strong> />
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O CASO DOS MACACOS QUE NUNCA QUESTIONAVAM<<strong>br</strong> />
Damásio de Jesus (com adaptações)<<strong>br</strong> />
Contam que um grupo de cientistas colocou cinco macacos numa jaula.<<strong>br</strong> />
No meio, uma escada e so<strong>br</strong>e ela um cacho de bananas. Quando um macaco<<strong>br</strong> />
subia na escada para pegar as bananas, os cientistas jogavam um jato de água<<strong>br</strong> />
fria nos que estavam no chão. Depois de certo tempo, quando um macaco ia<<strong>br</strong> />
subir a escada, os outros o pegavam e o enchiam de pancadas. Com mais algum<<strong>br</strong> />
tempo, nenhum macaco subia mais a escada, apesar da tentação das bananas.<<strong>br</strong> />
Então, os cientistas substituíram um dos macacos por um novo. A<<strong>br</strong> />
primeira coisa que ele fez foi subir a escada, sendo retirado pelos outros, que o<<strong>br</strong> />
surraram. Depois de algumas surras, o novo integrante do grupo não subia mais<<strong>br</strong> />
a escada.<<strong>br</strong> />
Um segundo macaco foi substituído e o mesmo ocorreu, tendo o<<strong>br</strong> />
primeiro substituto participado com entusiasmo da surra do novato.<<strong>br</strong> />
Um terceiro foi trocado, um quarto, até que o último dos veteranos foi<<strong>br</strong> />
substituído. Os cientistas então ficaram com um grupo de cinco macacos que,<<strong>br</strong> />
mesmo nunca tendo tomado o jato d’água, continuavam batendo naquele que<<strong>br</strong> />
tentasse pegar as bananas. Se fosse possível perguntar a algum deles por que<<strong>br</strong> />
eles batiam em quem tentasse subir a escada, com certeza a resposta seria:<<strong>br</strong> />
“Não sei, mas as coisas sempre foram assim por aqui”. Passou a ser lei<<strong>br</strong> />
entre eles a proibição de subir a escada para apanhar as bananas, e a pena era<<strong>br</strong> />
severa. Mas nenhum deles conhecia e nem questionava a razão da proibição.<<strong>br</strong> />
– Aprendi muitos princípios na faculdade e nos livros e nunca os<<strong>br</strong> />
questionei. Escrevi livros so<strong>br</strong>e eles, aceitando passivamente a proibição ou<<strong>br</strong> />
permissão sem indagar o fundamento, ou, conhecendo-o, sem procurar saber se<<strong>br</strong> />
estava certo ou errado.<<strong>br</strong> />
Durante muito tempo, como na experiência dos símios, fui um<<strong>br</strong> />
“macaco novo”, levando surras sem saber a razão e contrariando a natureza das<<strong>br</strong> />
coisas pela comodidade de não controverter. Mas comecei a questionar. Daí por<<strong>br</strong> />
que passei a adotar a subjetividade como integrando o conhecimento científico,<<strong>br</strong> />
os sentimentos superiores, como o amor, a compaixão, a humildade, a paciência,<<strong>br</strong> />
como fatores imprescindíveis na teoria/prática pedagógica no contexto<<strong>br</strong> />
<strong>edu</strong>cacional, a escola como sendo o melhor lugar para ensinar a aprender...<<strong>br</strong> />
Hoje, posso apanhar, mas quero saber porque estou apanhando.<<strong>br</strong> />
"É MAIS FÁCIL DESINTEGRAR UM ÁTOMO DO QUE UM PRECONCEITO". ALBERT<<strong>br</strong> />
EINSTEIN<<strong>br</strong> />
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2. A EDUCAÇÃO E OS CONCEITOS DE ENSINO E APRENDIZAGEM<<strong>br</strong> />
Comecemos nossa discussão dos conceitos de ensino e aprendizagem<<strong>br</strong> />
fazendo a seguinte pergunta: pode haver ensino sem que haja<<strong>br</strong> />
aprendizagem?<<strong>br</strong> />
Suponhamos uma situação em que um professor universitário<<strong>br</strong> />
apresente, em detalhes, os aspectos mais difíceis e complicados da teoria da<<strong>br</strong> />
relatividade de Einstein a grupo de crianças de sete anos. Suponhamos que o<<strong>br</strong> />
professor em questão seja profundo conhecedor do assunto e faça uma <strong>br</strong>ilhante<<strong>br</strong> />
exposição, utilizando meios audiovisuais ou quaisquer outros recursos que a<<strong>br</strong> />
didática moderna possa recomendar. Apesar de tudo isso, as crianças nada<<strong>br</strong> />
aprendem daquilo que ele apresentou. Podemos dizer que, embora as crianças<<strong>br</strong> />
nada tenham aprendido acerca da teoria da relatividade de Einstein, o professor<<strong>br</strong> />
esteve ensinando durante sua apresentação? A resposta afirmativa, neste caso<<strong>br</strong> />
claramente extremo e exagerado, parece pouco plausível. Mas suponhamos –<<strong>br</strong> />
uma suposição, agora, não tão absurda – que a audiência desse professor fosse<<strong>br</strong> />
composta, não de crianças de sete anos, mas de universitários no último ano do<<strong>br</strong> />
curso de física, e que o resultado fosse o mesmo: os alunos nada aprenderam<<strong>br</strong> />
acerca da teoria da relatividade de Einstein através da exposição. Podemos dizer<<strong>br</strong> />
que, embora o professor tivesse estado a ensinar a teoria da relatividade, os<<strong>br</strong> />
alunos não a aprenderam? A resposta afirmativa, aqui, parece bem mais<<strong>br</strong> />
plausível. Mas qual é, realmente, a diferença entre a primeira e a segunda<<strong>br</strong> />
situação? Vamos colocar esta questão, por enquanto, entre parênteses, para<<strong>br</strong> />
analisar algumas respostas que têm sido dadas à pergunta com que iniciamos<<strong>br</strong> />
este parágrafo: pode haver ensino sem que haja aprendizagem?<<strong>br</strong> />
Muitas pessoas dão uma resposta negativa a esta pergunta, afirmando<<strong>br</strong> />
que não há ensino sem aprendizagem. Este é um dos slogans que<<strong>br</strong> />
freqüentemente aparecem na literatura <strong>edu</strong>cacional. Correndo o risco de<<strong>br</strong> />
caracterizar algumas posições altamente complexas de uma maneira um pouco<<strong>br</strong> />
simplista, poderíamos dizer que, em relação às duas situações que imaginamos<<strong>br</strong> />
no parágrafo anterior, os que afirmam que não há ensino sem aprendizagem<<strong>br</strong> />
podem se dividir em dois grupos: de um lado estariam os que afirmam que<<strong>br</strong> />
naquelas situações não houve ensino, visto não ter havido aprendizagem. Do<<strong>br</strong> />
outro lado, porém, estariam aqueles que, quando confrontados com situações<<strong>br</strong> />
desse tipo, levantam a seguinte questão: Será que não houve mesmo<<strong>br</strong> />
aprendizagem? Ainda supondo que os alunos, tanto em um como no outro caso,<<strong>br</strong> />
nada tenham aprendido acerca da teoria da relatividade de Einstein,<<strong>br</strong> />
argumentam, será que eles não aprenderam alguma coisa através da exposição<<strong>br</strong> />
do professor? Eles poderão ter aprendido, por exemplo, no caso das crianças de<<strong>br</strong> />
sete anos, que, embora o professor estivesse falando o tempo todo, ninguém<<strong>br</strong> />
estava entendendo nada, que as aulas com a professora regular são muito mais<<strong>br</strong> />
divertidas, que o retro-projetor utilizado pelo professor é um "negócio bacana",<<strong>br</strong> />
etc.. No caso dos universitários, eles poderão ter aprendido que o professor<<strong>br</strong> />
devia desconhecer o nível da classe para dar uma aula dessas, que o curso que<<strong>br</strong> />
eles fizeram não deve ter sido muito bom, se não os capacitou a entender uma<<strong>br</strong> />
apresentação so<strong>br</strong>e a teoria da relatividade de Einstein, etc. Em poucas palavras:<<strong>br</strong> />
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os alunos, em um como no outro caso, devem ter aprendido alguma coisa, e,<<strong>br</strong> />
conseqüentemente, houve ensino nas situações imaginadas – este o argumento.<<strong>br</strong> />
A dificuldade com essa sugestão é óbvia: embora possa ter havido<<strong>br</strong> />
aprendizagem nas situações imaginadas, o que os alunos aprenderam não foi<<strong>br</strong> />
aquilo que o professor lhes estava expondo! Poderiam, talvez, ter aprendido as<<strong>br</strong> />
mesmas coisas, se a exposição houvesse sido so<strong>br</strong>e a química de Lavoisier, ou<<strong>br</strong> />
so<strong>br</strong>e as peças de Sheakespeare, ou so<strong>br</strong>e a filosofia de Kant. Isto, por si só, já<<strong>br</strong> />
indica que algo não está muito certo e que há necessidade de que algumas<<strong>br</strong> />
coisas sejam esclarecidas e colocadas em seus devidos lugares. Vamos, de uma<<strong>br</strong> />
maneira muito simples e elementar, tentar esclarecer alguns desses problemas.<<strong>br</strong> />
Se prestarmos atenção a algo muito simples, como a regência do<<strong>br</strong> />
verbo ensinar, poderemos começar a esclarecer a situação. Quem ensina, ensina<<strong>br</strong> />
alguma coisa a alguém. A situação de ensino é uma situação que envolve três<<strong>br</strong> />
componentes básicos: alguém que ensina (digamos, o professor), alguém que é<<strong>br</strong> />
ensinado (digamos, o aluno), e algo que o primeiro ensina ao segundo (digamos,<<strong>br</strong> />
o conteúdo). Não faz sentido dizer que fulano esteve ensinando sicrano a tarde<<strong>br</strong> />
toda sem mencionar (ou sugerir) o que estava sendo ensinado (se frações<<strong>br</strong> />
ordinárias, andar de bicicleta, amarrar os sapatos, atitude de tolerância, etc.).<<strong>br</strong> />
Também não faz sentido dizer que beltrano esteve ensinando História do Brasil<<strong>br</strong> />
nas duas últimas horas, sem mencionar (ou indicar) a quem ele estava<<strong>br</strong> />
ensinando História do Brasil (se a seus filhos, se aos alunos da quarta série,<<strong>br</strong> />
etc.).<<strong>br</strong> />
Nos dois casos que imaginamos, o professor universitário estava<<strong>br</strong> />
expondo a um grupo de alunos um certo conteúdo, a saber, a teoria de<<strong>br</strong> />
relatividade de Einstein. Este conteúdo os alunos, por hipótese, não aprenderam.<<strong>br</strong> />
Que eles tenham aprendido outras coisas, as quais ele, claramente, por hipótese,<<strong>br</strong> />
não estava interessado em transmitir-lhes, parece irrelevante à questão: pode<<strong>br</strong> />
haver ensino sem que haja aprendizagem? Por isso, vamos deixar de lado o<<strong>br</strong> />
"segundo grupo" dos que afirmam que não há ensino sem aprendizagem e<<strong>br</strong> />
discutir a posição do "primeiro grupo", ou seja, daqueles que afirmam que, visto<<strong>br</strong> />
não ter havido aprendizagem (da teoria da relatividade, naturalmente) nos casos<<strong>br</strong> />
em questão, não houve ensino.<<strong>br</strong> />
Será que esta afirmação é verdadeira? Cremos que não. É importante<<strong>br</strong> />
notar que a afirmação cuja veracidade aqui vai ser colocada em dúvida é uma<<strong>br</strong> />
afirmação composta, que diz (pelo menos) duas coisas: em primeiro lugar,<<strong>br</strong> />
afirma que não houve ensino; em segundo lugar, afirma que não houve ensino<<strong>br</strong> />
porque não houve aprendizagem. Afirmar simplesmente "não houve ensino" é<<strong>br</strong> />
constatar algo; afirmar, porém, "não houve ensino porque não houve<<strong>br</strong> />
aprendizagem" é, além de constatar algo, oferecer uma explicação: é indicar a<<strong>br</strong> />
razão (ou a causa) em virtude da qual não houve ensino. A afirmação cuja<<strong>br</strong> />
veracidade vamos questionar é a composta, que inclui a explicação da<<strong>br</strong> />
constatação. Isto pode parecer meio complicado, mas no fundo é simples, como,<<strong>br</strong> />
esperamos, se vai ver.<<strong>br</strong> />
Se for verdade que não há ensino sem aprendizagem, então não existe<<strong>br</strong> />
uma distinção entre ensino bem sucedido e ensino mal sucedido. Todo ensino é,<<strong>br</strong> />
por definição, bem sucedido, isto é, resulta, necessariamente, em aprendizagem.<<strong>br</strong> />
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Dizer, portanto, que fulano ensinou raiz quadrada a sicrano e sicrano aprendeu<<strong>br</strong> />
raiz quadrada é ser r<strong>edu</strong>ndante, é incorrer em pleonasmo, é dizer a mesma coisa<<strong>br</strong> />
duas vezes. Dizer, por outro lado, que fulano ensinou raiz quadrada a sicrano e<<strong>br</strong> />
sicrano não aprendeu raiz quadrada é incorrer em autocontradição, é afirmar e<<strong>br</strong> />
negar a mesma coisa, ao mesmo tempo, porque se fulano ensinou, então sicrano<<strong>br</strong> />
(necessariamente) aprendeu, e se sicrano não aprendeu, então fulano<<strong>br</strong> />
(necessariamente) não ensinou. Ora, tudo isso nos parece absurdo. Parece-nos<<strong>br</strong> />
perfeitamente possível afirmar que, embora fulano tivesse ensinado raiz<<strong>br</strong> />
quadrada a sicrano durante a tarde toda sicrano não aprendeu raiz quadrada. Em<<strong>br</strong> />
outras palavras, a distinção entre ensino bem sucedido (que resulta em<<strong>br</strong> />
aprendizagem) e ensino mal sucedido (que não resulta em aprendizagem)<<strong>br</strong> />
parece inteiramente legitima. Ora, se esta distinção é legítima, então não é<<strong>br</strong> />
verdade que não há ensino sem aprendizagem (ou que todo ensino resulta em<<strong>br</strong> />
aprendizagem).<<strong>br</strong> />
Mas parece haver um certo vínculo conceitual entre ensino e<<strong>br</strong> />
aprendizagem. Dificilmente diríamos que uma pessoa está ensinando algo a<<strong>br</strong> />
alguém se esta pessoa não tem a menor intenção de que este alguém aprenda o<<strong>br</strong> />
que está sendo ensinado. Talvez o que o slogan esteja querendo dizer é que se<<strong>br</strong> />
não houver, por parte de quem apresenta um certo conteúdo, a intenção de que<<strong>br</strong> />
alguém aprenda aquilo que ele está expondo, então não há ensino. Esta<<strong>br</strong> />
afirmação parece ser aceitável. Ela apresenta uma dificuldade, porém: a noção<<strong>br</strong> />
de intenção. Como é que se determina que uma pessoa tem, ou não tem, a<<strong>br</strong> />
intenção de que alguém aprenda o que ela está expondo? Esta é uma dificuldade<<strong>br</strong> />
séria, porque esta questão é virtualmente equivalente à seguinte pergunta:<<strong>br</strong> />
Como é que se determina que uma pessoa está, ou não está, ensinando?<<strong>br</strong> />
A QUESTÃO DA INTENÇÃO<<strong>br</strong> />
Imaginemos que alguém esteja levando aos lábios um copo contendo<<strong>br</strong> />
um líquido vermelho. O que é que esta pessoa está fazendo? A esta pergunta<<strong>br</strong> />
pode-se responder, obviamente, com uma descrição dos movimentos físicos da<<strong>br</strong> />
pessoa em questão: ela está levando aos lábios um copo que contém um líquido<<strong>br</strong> />
vermelho. Mas esta resposta é pouco informativa. Para se oferecer uma resposta<<strong>br</strong> />
que seja mais informativa, porém, é necessário que se faça menção da intenção<<strong>br</strong> />
(ou do propósito) que a pessoa tem a levar aos lábios o copo com o líquido. A<<strong>br</strong> />
pessoa pode estar meramente saciando a sua sede com um bom vinho. Ou pode<<strong>br</strong> />
estar se embebedando. Ou pode estar se suicidando com um líquido venenoso.<<strong>br</strong> />
Ou pode estar comungando. Ou, ainda, pode estar fazendo um número de coisas<<strong>br</strong> />
que não vem ao caso enumerar. Sua intenção ao tomar o líquido é que vai<<strong>br</strong> />
determinar o que esta pessoa esta realmente fazendo. É bom ressaltar que a<<strong>br</strong> />
questão da intenção é sumamente importante. Se se desco<strong>br</strong>e que a pessoa em<<strong>br</strong> />
pauta tinha meramente a intenção de saciar sua sede, mas que alguém (sem ela<<strong>br</strong> />
saber) despejou veneno no líquido, causando sua morte, nós não diríamos que<<strong>br</strong> />
ela se suicidou, e sim que foi assassinada. Se sua intenção era saciar a sede,<<strong>br</strong> />
mas, por puro engano, bebeu um líquido venenoso ao invés do vinho que<<strong>br</strong> />
pensava estar bebendo, nós não diríamos que houve suicídio, e sim um<<strong>br</strong> />
lamentável acidente, que veio a ser fatal, se, naturalmente, em conseqüência<<strong>br</strong> />
disso, a pessoa veio a falecer. Estas distinções são importantes, principalmente<<strong>br</strong> />
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em contextos jurídicos. Em nosso caso, porém, elas não parecem nos ajudar<<strong>br</strong> />
muito na determinação da intenção da pessoa que levou aos lábios o copo com o<<strong>br</strong> />
líquido vermelho. De que maneira poderíamos determinar sua intenção?<<strong>br</strong> />
Deve ser dito claramente que não há maneiras seguras e infalíveis de<<strong>br</strong> />
determinar a intenção de alguém. Intenções não são coisas direta e<<strong>br</strong> />
imediatamente observáveis, como o são movimentos físicos – pelo menos no<<strong>br</strong> />
caso de outras pessoas. (A situação parece bastante diferente quando se trata de<<strong>br</strong> />
nossas próprias intenções: a elas temos acesso direto e imediato, se bem que<<strong>br</strong> />
não através da observação.) Contudo, uma intenção pode, muitas vezes, ser<<strong>br</strong> />
indiretamente determinada através do contexto em que certos movimentos<<strong>br</strong> />
físicos são realizados, com ajuda do nosso conhecimento (mesmo que<<strong>br</strong> />
elementar) acerca do desenvolvimento e comportamento das pessoas. Se, no<<strong>br</strong> />
nosso caso, a pessoa estava levando o copo aos lábios dentro de uma igreja, na<<strong>br</strong> />
presença de um sacerdote, etc., é bastante plausível que sua intenção era<<strong>br</strong> />
comungar – pelo que sabemos do comportamento "normal" das pessoas,<<strong>br</strong> />
dificilmente ela estaria tentando se embebedar ou cometer suicídio ali. Se a<<strong>br</strong> />
pessoa, porém, estava levando o copo aos lábios em um clube noturno, onde<<strong>br</strong> />
esteve a dançar, tem o semblante alegre e descontraído, é bem possível que sua<<strong>br</strong> />
intenção fosse meramente saciar a sede – dificilmente estaria comungando ali,<<strong>br</strong> />
por exemplo. E assim por diante. Quando estamos na posição de observadores,<<strong>br</strong> />
procurando desco<strong>br</strong>ir a intenção de alguém, precisamos analisar o contexto e,<<strong>br</strong> />
com base em nosso conhecimento acerca do comportamento "normal" das<<strong>br</strong> />
pessoas, aventar uma hipótese, que terá maior ou menor probabilidade de ser<<strong>br</strong> />
correta, dependendo das circunstâncias. Em alguns casos pode ser impossível<<strong>br</strong> />
determinar a intenção de alguém. Em outros pode ser até razoavelmente fácil (o<<strong>br</strong> />
que não exclui a possibilidade de erro). No nosso caso, não há dados que<<strong>br</strong> />
permitam determinar qual das hipóteses é mais provável, ou mesmo se alguma<<strong>br</strong> />
delas tem certa possibilidade, pois só oferecemos a descrição de um movimento<<strong>br</strong> />
físico: o de levar aos lábios um copo com líquido vermelho – não descrevemos o<<strong>br</strong> />
contexto. Mas em grande parte dos casos há uma indicação do contexto, da<<strong>br</strong> />
situação, que nos permite inferir qual a intenção do agente ao realizar certos<<strong>br</strong> />
movimentos.<<strong>br</strong> />
Voltemos agora à afirmação que fizemos acima de que se não houver,<<strong>br</strong> />
por parte de quem apresenta um certo conteúdo, a intenção de que alguém<<strong>br</strong> />
aprenda aquilo que está se expondo, então não há ensino. O problema que esta<<strong>br</strong> />
afirmação enfrenta, dissemos, está relacionado com a dificuldade em determinar<<strong>br</strong> />
a intenção de alguém, a partir dos movimentos físicos que realiza. Esta<<strong>br</strong> />
dificuldade, contudo, não é intransponível, como acabamos de ver, e é<<strong>br</strong> />
compartilhada por todas as situações em que atribuímos intenções a outras<<strong>br</strong> />
pessoas, algo que fazemos em grande freqüência. Constantemente atribuímos<<strong>br</strong> />
intenções aos outros e, embora muitas vezes erremos ao fazê-lo, com<<strong>br</strong> />
surpreendente freqüência acertamos.<<strong>br</strong> />
Estamos agora em condições de responder à pergunta que formulamos<<strong>br</strong> />
no primeiro parágrafo desta segunda parte: Qual é realmente a diferença entre a<<strong>br</strong> />
primeira e a segunda situação que imaginamos naquele parágrafo? Por que é que<<strong>br</strong> />
no primeiro caso parece plausível dizer que o professor não estava ensinando, e<<strong>br</strong> />
que no segundo parece bem mais plausível dizer que o professor estava<<strong>br</strong> />
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ensinando, embora em ambos os casos os alunos nada hajam aprendido? No<<strong>br</strong> />
primeiro caso, os fatos da situação – o contexto – mais nosso conhecimento de<<strong>br</strong> />
que crianças "normais" de sete anos têm condições de aprender nos indicam que<<strong>br</strong> />
o professor dificilmente poderia ter a intenção de que as crianças aprendessem<<strong>br</strong> />
os aspectos mais complicados da teoria da relatividade de Einstein. Por bizarro<<strong>br</strong> />
que possa parecer, é bem mais plausível imaginar que o professor estivesse<<strong>br</strong> />
ensaiando uma aula ou conferência, e que a presença das crianças fosse<<strong>br</strong> />
puramente acidental ou ornamental. No segundo caso, porém, a situação é<<strong>br</strong> />
alterada. A audiência é composta de alunos no último ano do Curso de Física.<<strong>br</strong> />
Baseados nesse fato, e em nosso conhecimento (ou na suposição razoável) de<<strong>br</strong> />
que alunos no último ano do Curso de Física têm, em geral, condições de<<strong>br</strong> />
entender a teoria da relatividade de Einstein, torna-se bem mais plausível<<strong>br</strong> />
atribuir ao professor a intenção de que os alunos aprendessem o que ele estava<<strong>br</strong> />
expondo, ou seja, a intenção de ensinar. Em um caso, portanto, é plausível<<strong>br</strong> />
afirmar que o professor não estava ensinando, e no outro é plausível afirmar que<<strong>br</strong> />
estava. Em nenhum dos dois casos, porém, houve aprendizagem. A<<strong>br</strong> />
plausibilidade das afirmações acima não se deve, portanto, ao fato de os alunos<<strong>br</strong> />
não haverem ou haverem aprendido o que lhes era exposto. Deve-se, isto sim,<<strong>br</strong> />
ao fato de que em um caso não faz sentido atribuir ao professor a intenção de<<strong>br</strong> />
que seus alunos viessem a aprender o que expunha, e no outro faz.<<strong>br</strong> />
Foi por isso que ressaltamos acima que não iríamos discutir a<<strong>br</strong> />
afirmação simples de que não houve ensino naquelas situações e sim a<<strong>br</strong> />
afirmação composta de que não houve ensino porque não houve aprendizagem.<<strong>br</strong> />
Embora as situações sejam, exceto pela audiência, idênticas, estamos propensos<<strong>br</strong> />
a acreditar que no primeiro não houve ensino e que no segundo pode ter havido.<<strong>br</strong> />
Mas não estamos propensos a acreditar que este seja o caso porque na primeira<<strong>br</strong> />
situação não tenha havido e na segunda tenha havido aprendizagem, pois, por<<strong>br</strong> />
hipótese, não houve aprendizagem em nenhuma delas. Baseamo-nos no fato de<<strong>br</strong> />
que no primeiro não é plausível atribuir ao professor a intenção de causar (ou<<strong>br</strong> />
produzir, ou ocasionar, ou ensejar) a aprendizagem dos alunos, enquanto no<<strong>br</strong> />
segundo é.<<strong>br</strong> />
O CONCEITO DE ENSINO<<strong>br</strong> />
Em relação ao conceito de ensino, podemos resumir as nossas<<strong>br</strong> />
conclusões e sugerir algumas de suas implicações:<<strong>br</strong> />
Primeira: O conceito de ensino faz referência a uma situação ou<<strong>br</strong> />
atividade triádica, isto é, de três componentes, quais sejam, aquele que ensina,<<strong>br</strong> />
aquele a quem se ensina, e aquilo que se ensina. Esta conclusão sugere que não<<strong>br</strong> />
é muito apropriado dizer que alguém ensinou a si próprio alguma coisa, sendo,<<strong>br</strong> />
portanto, um autodidata (o termo "didata" provém do verbo grego didaskein,<<strong>br</strong> />
que quer dizer, exatamente, "ensinar"). Quando dizemos que uma pessoa esta<<strong>br</strong> />
ensinando algo a uma outra pessoa, pressupomos que a primeira saiba (ou<<strong>br</strong> />
domine) o que está ensinando e que a segunda não saiba (ou domine) o que<<strong>br</strong> />
está sendo ensinado. Se há, porém, apenas uma pessoa em jogo, mais um certo<<strong>br</strong> />
conteúdo, ou esta pessoa já sabe (ou domina) este conteúdo, em cujo caso não<<strong>br</strong> />
precisa ensiná-lo a si própria, ou esta pessoa não sabe (ou domina) o conteúdo<<strong>br</strong> />
em questão, em cujo caso não tem condições de ensiná-lo a si própria. Designar<<strong>br</strong> />
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certas pessoas como autodidatas parece, portanto, bastante descabido. Isso não<<strong>br</strong> />
quer dizer, porém, que alguém não possa aprender por si próprio um certo<<strong>br</strong> />
conteúdo, sem que alguma outra pessoa necessariamente lho ensine. Neste<<strong>br</strong> />
caso, porém, a pessoa que vem aprender um dado conteúdo por si própria não é<<strong>br</strong> />
um autodidata, mas sim um auto-aprendiz.<<strong>br</strong> />
Segunda: Para que uma atividade se caracterize como uma atividade<<strong>br</strong> />
de ensino não é necessário que aquele a quem se ensina aprenda o que está<<strong>br</strong> />
sendo ensinado; basta que o que ensina tenha a intenção de que aquele a quem<<strong>br</strong> />
ele ensina aprenda o que está sendo ensinado. Esta segunda conclusão é rica em<<strong>br</strong> />
implicações. Em primeiro lugar, ela implica a existência de ensino sem<<strong>br</strong> />
aprendizagem (o que poderíamos chamar de ensino mal sucedido). Em segundo<<strong>br</strong> />
lugar, ela sugere que coisas realmente não ensinam, porque não podem ter a<<strong>br</strong> />
intenção de produzir a aprendizagem. Isto, por sua vez, significa que não é<<strong>br</strong> />
muito correto dizer: "A natureza me ensinou", ou "a vida me ensinou", etc.<<strong>br</strong> />
Significa, também, que é só com muito cuidado que podemos falar em ensino<<strong>br</strong> />
através de máquinas (máquinas de ensinar, computadores, por exemplo), ou<<strong>br</strong> />
mesmo através de livros. Um computador (ou um livro) só ensina na medida em<<strong>br</strong> />
que a pessoa que o programou (ou escreveu) teve a intenção de que alguém<<strong>br</strong> />
aprendesse através dele.<<strong>br</strong> />
Terceira: A intenção de produzir a aprendizagem, isto é, a intenção de<<strong>br</strong> />
ensinar, só pode ser constatada mediante análise do contexto em que certas<<strong>br</strong> />
atividades são desenvolvidas. Se esta análise tornar razoável a atribuição da<<strong>br</strong> />
intenção em pauta, podemos concluir que pode estar havendo ensino; caso<<strong>br</strong> />
contrário, seremos forçados a admitir que não esteja. Esse exame do contexto é,<<strong>br</strong> />
portanto, extremamente importante. A presente conclusão, quando vista à luz<<strong>br</strong> />
das precedentes, tem pelo menos três implicações bastante significativas. Em<<strong>br</strong> />
primeiro lugar, desde que ensinar é sempre ensinar alguma coisa, algum<<strong>br</strong> />
conteúdo, a alguém, quem quer que seja que pretenda estar ensinando tem a<<strong>br</strong> />
o<strong>br</strong>igação de indicar, de maneira clara e inequívoca, exatamente o que é que ele<<strong>br</strong> />
tenciona que seus alunos aprendam. Se o conteúdo a ser aprendido não é<<strong>br</strong> />
claramente indicado, a pessoa que o expõe pode estar fazendo uma variedade de<<strong>br</strong> />
coisas (um discurso, uma pregação, etc.), mas dificilmente estará ensinando,<<strong>br</strong> />
pois se torna bastante problemático atribuir-lhe a intenção de que os alunos<<strong>br</strong> />
aprendam algo que não é especificado. Em segundo lugar, é necessário que as<<strong>br</strong> />
atividades desenvolvidas por quem pretende estar ensinando estejam<<strong>br</strong> />
relacionadas, de alguma maneira, com o conteúdo a ser aprendido. Isto significa<<strong>br</strong> />
que, embora as atividades que possam ser consideradas atividades de ensino,<<strong>br</strong> />
em geral, sejam virtualmente ilimitadas, as atividades que podem ser<<strong>br</strong> />
considerada de ensino de um conteúdo específico são limitadas pela natureza do<<strong>br</strong> />
conteúdo em questão. Se as atividades desenvolvidas não têm relação com esse<<strong>br</strong> />
conteúdo, torna-se difícil atribuir ao suposto ensinante a intenção de que seus<<strong>br</strong> />
alunos aprendam o conteúdo que lhes está sendo proposto. Em terceiro lugar,<<strong>br</strong> />
desde que ensinar é sempre ensinar alguma coisa a alguém, é necessário que<<strong>br</strong> />
quem pretende estar ensinando conheça e leve em consideração a condição de<<strong>br</strong> />
seus alunos (sua idade, seu desenvolvimento, seu nível intelectual, etc.) para<<strong>br</strong> />
não apresentar-lhes conteúdos para os quais não estão preparados e que não<<strong>br</strong> />
têm condições de aprender e para não desenvolver atividades inadequadas à<<strong>br</strong> />
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condição desses alunos. Torna-se bastante problemático atribuir a alguém a<<strong>br</strong> />
intenção de que seus alunos aprendam um certo conteúdo se esse conteúdo, por<<strong>br</strong> />
exemplo, está acima da capacidade desses, ou se as atividades escolhidas como<<strong>br</strong> />
meios para alcançar esse objetivo não podem ser desenvolvidas ou<<strong>br</strong> />
acompanhadas pelos alunos.<<strong>br</strong> />
Com essas conclusões chegamos, porém, ao segundo tópico a ser<<strong>br</strong> />
discutido nesta parte do trabalho. Até agora discutimos a possibilidade de haver<<strong>br</strong> />
ensino sem aprendizagem. Discutamos agora a questão inversa: pode haver<<strong>br</strong> />
aprendizagem sem ensino?<<strong>br</strong> />
PODE HAVER APRENDIZAGEM SEM QUE HAJA ENSINO?<<strong>br</strong> />
A resposta a essa pergunta parece ser bem mais fácil do que a<<strong>br</strong> />
resposta à questão anterior. Parece óbvio que pode haver aprendizagem sem<<strong>br</strong> />
ensino. Atrás já aludimos ao fato de que é possível que, durante uma aula ou<<strong>br</strong> />
exposição, alguém aprenda coisas que o professor não está querendo lhe ensinar<<strong>br</strong> />
(isto é, coisas que o professor não tem a intenção de que ele venha a aprender),<<strong>br</strong> />
como, por exemplo, que o assunto da exposição é terrivelmente maçante. Este<<strong>br</strong> />
seria um exemplo de aprendizagem sem ensino. Acabamos de sugerir que o<<strong>br</strong> />
chamado autodidata é, na realidade, um auto-aprendiz, alguém que aprende um<<strong>br</strong> />
certo conteúdo sozinho, e não alguém que o ensina a si mesmo. Sugerimos,<<strong>br</strong> />
também, que não é muito correto dizer que a natureza e a vida ensinam. Nestes<<strong>br</strong> />
casos, também, parece ser muito mais correto dizer que certas pessoas<<strong>br</strong> />
aprendem determinadas coisas por si próprias. Estes seriam exemplos de<<strong>br</strong> />
aprendizagem sem ensino. Parece claro, portanto, que pode haver aprendizagem<<strong>br</strong> />
sem ensino.<<strong>br</strong> />
Mas consideremos a posição de alguém que argumente da seguinte<<strong>br</strong> />
maneira. Concordo não ser muito correto dizer que a natureza e a vida ensinem<<strong>br</strong> />
coisas às pessoas; é muito mais correto dizer que as pessoas aprendem sozinhas<<strong>br</strong> />
– se bem que através de seu contacto com a natureza ou através de sua<<strong>br</strong> />
experiência da vida. Mas – continua o argumento – esta situação não é diferente<<strong>br</strong> />
da do aluno na sala de aula: o aluno, na sala de aula, também aprende, na<<strong>br</strong> />
realidade, sozinho – se bem que, muitas vezes, através de seu contacto com o<<strong>br</strong> />
professor. A sua aprendizagem, prossegue o argumentante, não é o produto, ou<<strong>br</strong> />
o resultado, ou a conseqüência do ensino do professor: há muitos fatores que<<strong>br</strong> />
incidem so<strong>br</strong>e ela, como, por exemplo, a motivação do aluno, suas condições de<<strong>br</strong> />
saúde e alimentação, o clima sócio-emocional na sala de aula, as condições do<<strong>br</strong> />
meio ambiente (a temperatura da sala, etc.), e assim por diante. Um dos fatores<<strong>br</strong> />
mais importantes a incidir so<strong>br</strong>e a aprendizagem é a experiência anterior do<<strong>br</strong> />
aluno com conteúdos semelhantes aos que agora se pretende que ele aprenda, a<<strong>br</strong> />
bagagem de experiência e conhecimento que ele traz consigo. É somente na<<strong>br</strong> />
medida em que estes fatores incidem de maneira favorável so<strong>br</strong>e o aluno que ele<<strong>br</strong> />
vem a aprender, continua o argumentante, e conclui: A aprendizagem do aluno é<<strong>br</strong> />
sempre uma auto-aprendizagem: se ele está doente, ou sub-nutrido, ou não tem<<strong>br</strong> />
motivação, ele não aprende, por melhor que seja o professor. Ao professor cabe,<<strong>br</strong> />
portanto, simplesmente facilitar a aprendizagem, remover os obstáculos a ela,<<strong>br</strong> />
criar-lhe condições propícias. A aprendizagem, porém, é sempre um ato do aluno<<strong>br</strong> />
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e nunca a conseqüência de um ato do professor, a saber, do ato de ensinar. Toda<<strong>br</strong> />
aprendizagem, portanto, diz o slogan, é auto-aprendizagem. Aqui termina o<<strong>br</strong> />
argumento.<<strong>br</strong> />
Várias observações podem ser feitas aos que assim argumentam. Em<<strong>br</strong> />
primeiro lugar, os que assumem essa posição respondem afirmativamente à<<strong>br</strong> />
pergunta: Pode haver aprendizagem sem que haja ensino? É verdade que vão<<strong>br</strong> />
mais longe, afirmando que a aprendizagem, em hipótese alguma, pode ser<<strong>br</strong> />
entendida como uma conseqüência do ensino. Em segundo lugar, precisa ser dito<<strong>br</strong> />
que grande parte das afirmações feitas pelos que defendem essa posição é<<strong>br</strong> />
perfeitamente aceitável – por exemplo, o que se diz acerca dos vários fatores<<strong>br</strong> />
que incidem so<strong>br</strong>e a aprendizagem. É este fato que faz com que a posição em<<strong>br</strong> />
pauta pareça ter uma certa plausibilidade inicial. O que precisa ser esclarecido –<<strong>br</strong> />
e esta é uma terceira observação – é o papel do ensino, e, conseqüentemente,<<strong>br</strong> />
do professor, no processo de aprendizagem.<<strong>br</strong> />
Estamos entrando, aqui, porém, em uma área perigosa para o filósofo,<<strong>br</strong> />
pois esta última questão parece levantar um problema de natureza empírica<<strong>br</strong> />
acerca do qual somente um psicólogo poderia nos dar informações. Um filósofo<<strong>br</strong> />
que se preocupa essencialmente com questões conceituais faria bem, poderia<<strong>br</strong> />
parecer, em não se intrometer nesta área. Para esclarecer nosso objetivo,<<strong>br</strong> />
portanto, é necessário que indiquemos claramente em que sentido um filósofo<<strong>br</strong> />
pode contribuir para a solução desse problema. Vimos atrás que o conceito de<<strong>br</strong> />
ensino inclui uma referência ao conceito de aprendizagem (mais precisamente,<<strong>br</strong> />
faz referência à intenção de produzir a aprendizagem). O que queremos<<strong>br</strong> />
examinar aqui é se o conceito de aprendizagem exclui a possibilidade de que a<<strong>br</strong> />
aprendizagem seja vista como o produto, o resultado, ou a conseqüência do<<strong>br</strong> />
ensino, pelo menos em alguns casos. Já admitimos a possibilidade de que a<<strong>br</strong> />
aprendizagem ocorra sem ensino. Queremos, agora, examinar a suposta<<strong>br</strong> />
impossibilidade de que ela aconteça em decorrência do ensino, como efeito ou<<strong>br</strong> />
conseqüência deste. Se esta impossibilidade for real, isto é, se o conceito de<<strong>br</strong> />
aprendizagem logicamente exclui a possibilidade de que a aprendizagem seja<<strong>br</strong> />
vista como (em alguns casos) uma decorrência do ensino, então o ensino, como<<strong>br</strong> />
uma atividade que é desenvolvida com a intenção de que dela resulta a<<strong>br</strong> />
aprendizagem, é um empreendimento fútil. Não caberá mais ao professor<<strong>br</strong> />
ensinar – restar-lhe-á apenas a tarefa de detectar obstáculos e empecilhos à<<strong>br</strong> />
aprendizagem (como falta de motivação, desnutrição, etc.) e de procurar<<strong>br</strong> />
encontrar maneiras de remover esses obstáculos e empecilhos, tornando-se,<<strong>br</strong> />
portanto, caso venha a ser bem sucedido, um facilitador da aprendizagem. Digase<<strong>br</strong> />
de passagem que essa tarefa não é pequena, nem fácil, e muito menos<<strong>br</strong> />
indigna. Todo professor sensível se dedica a ela. Acontece, porém, que muitos<<strong>br</strong> />
professores acreditam que, além da tarefa de detectar obstáculos e empecilhos à<<strong>br</strong> />
aprendizagem e de procurar encontrar maneiras de removê-los, cabe-lhes a<<strong>br</strong> />
tarefa de ensinar, ou seja, de desenvolver certos tipos de atividade que deverão<<strong>br</strong> />
resultar na aprendizagem, por parte dos alunos, de certos conteúdos. Ora, essa<<strong>br</strong> />
tarefa só é realizável se a impossibilidade a que nos referimos não for real.<<strong>br</strong> />
Para elucidar essas questões que, embora conceituais, têm muitas<<strong>br</strong> />
implicações práticas, é necessário levar em conta o que psicólogos afirmam<<strong>br</strong> />
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acerca da natureza da aprendizagem. Mas nossa investigação não é equivalente<<strong>br</strong> />
a uma investigação psicológica, de natureza empírica.<<strong>br</strong> />
Há um certo sentido em que é verdade que toda aprendizagem á autoaprendizagem,<<strong>br</strong> />
que é o seguinte: ninguém pode aprender por mim. Se eu quero<<strong>br</strong> />
vir a saber (ou dominar) um certo conteúdo, sou eu e ninguém mais que tenho<<strong>br</strong> />
que aprender esse conteúdo. Alguém pode me explicar em detalhe o conteúdo a<<strong>br</strong> />
ser aprendido, pode discuti-lo comigo, esclarecer minhas dúvidas, estabelecer<<strong>br</strong> />
paralelos entre esse conteúdo e outros que já conheço (ou domino), etc., mas a<<strong>br</strong> />
aprendizagem, em última instância, é minha. Sou eu que tenho que assimilar,<<strong>br</strong> />
compreender, dominar o que deve ser aprendido. Se for só isso que se quer dizer<<strong>br</strong> />
quando se afirma que toda aprendizagem é auto-aprendizagem, então o slogan é<<strong>br</strong> />
perfeitamente aceitável.<<strong>br</strong> />
Mas muita gente quer dizer mais com o slogan. Quer dizer que o<<strong>br</strong> />
professor não deve interferir no processo de aprendizagem do aluno (a não ser<<strong>br</strong> />
para remover obstáculos a essa aprendizagem) e que este deve desco<strong>br</strong>ir por si<<strong>br</strong> />
só aquilo que deve aprender. O melhor que o professor pode fazer, em uma linha<<strong>br</strong> />
de ação positiva, talvez seja criar condições propícias para que o aluno descu<strong>br</strong>a,<<strong>br</strong> />
ele próprio, o conteúdo a ser aprendido. Interpretado dessa maneira, o slogan já<<strong>br</strong> />
não nos parece tão aceitável. Em primeiro lugar, essa aprendizagem por<<strong>br</strong> />
descoberta parece inteiramente apropriada em contextos nos quais a pessoa está<<strong>br</strong> />
aprendendo sozinha, sem o auxílio do professor, ou em contextos nos quais<<strong>br</strong> />
aquilo que deve ser aprendido ainda não foi descoberto por ninguém, sendo,<<strong>br</strong> />
portanto, desconhecido. Em segundo lugar, não nos parece que jamais tenha<<strong>br</strong> />
sido provado que, no que diz respeito a conteúdos já conhecidos, já descobertos<<strong>br</strong> />
por alguém, a melhor maneira de aprender esses conteúdos seja trilhar o<<strong>br</strong> />
caminho seguido por quem originalmente os desco<strong>br</strong>iu. Em outras palavras,<<strong>br</strong> />
parece ser bem possível, por exemplo, que a melhor maneira de aprender um<<strong>br</strong> />
dado conteúdo já conhecido seja seguir o caminho inverso daquele percorrido<<strong>br</strong> />
por quem desco<strong>br</strong>iu esse conteúdo. Ou algum outro caminho, talvez. Essas<<strong>br</strong> />
questões precisam ser investigadas empiricamente. Não há garantias conceituais<<strong>br</strong> />
para a suposição de que no caso de verdades já conhecidas – estamos falando<<strong>br</strong> />
agora de conteúdos cognitivos – a melhor maneira de aprendê-los seja<<strong>br</strong> />
redesco<strong>br</strong>i-las. Por um lado, o processo de desco<strong>br</strong>imento (ou redesco<strong>br</strong>imento)<<strong>br</strong> />
é altamente demorado, e muitas vezes não é bem sucedido. Por outro lado, não<<strong>br</strong> />
há a menor garantia de que, se cada geração precisar redesco<strong>br</strong>ir as verdades já<<strong>br</strong> />
descobertas por prévias gerações, se vá chegar muito além do ponto ao qual as<<strong>br</strong> />
gerações prévias chegaram. Isto nos mostra que, em relação a certos conteúdos,<<strong>br</strong> />
é bem possível que a melhor maneira de ocasionar uma aprendizagem rápida e<<strong>br</strong> />
fácil seja através do ensino.<<strong>br</strong> />
Ora, se isto é possível – note-se que não estamos dizendo que seja o<<strong>br</strong> />
caso – então não é (logicamente) impossível que a aprendizagem aconteça em<<strong>br</strong> />
decorrência do ensino, como efeito ou conseqüência do ato de ensinar.<<strong>br</strong> />
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Olhe bem para a figura na página seguinte e descreva, por escrito o<<strong>br</strong> />
que vê. Em seguida leia o texto.<<strong>br</strong> />
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3. APRENDIZADO E SUAS DESABILIDADES: COMO LIDAR?<<strong>br</strong> />
O aprendizado é uma tarefa primária do ser humano que tem, na<<strong>br</strong> />
nossa cultural o seu ponto alto associado à escolaridade. É esse tipo de<<strong>br</strong> />
aprendizado que move o indivíduo em direção ao desenvolvimento intelectual,<<strong>br</strong> />
criativo e produtivo, levando-o a se tornar um vencedor, pois amplia as suas<<strong>br</strong> />
possibilidades de crescimento.<<strong>br</strong> />
Como já está estabelecido pela sociedade, o aprendizado escolar é um<<strong>br</strong> />
dos meios fundamentais de progresso profissional e de ascensão social. Sabemos<<strong>br</strong> />
que muitas são as pessoas que se encontram comprometidas com o<<strong>br</strong> />
aprendizado, nos mais diversos graus e pelas mais variadas causas. Nesse<<strong>br</strong> />
sentido, os objetivos básicos parecem nortear as instituições e os profissionais<<strong>br</strong> />
ligados, direta ou indiretamente, à <strong>edu</strong>cação, minimizar as causas determinantes<<strong>br</strong> />
do fracasso escolar e adaptar o sistema de ensino para um melhor aprendizado<<strong>br</strong> />
dos indivíduos com dificuldades; com isso, poder-se-á aproveitar o máximo de<<strong>br</strong> />
potencial de cada indivíduo, respeitando-se as suas limitações, mas procurando<<strong>br</strong> />
encaminhá-Io para um porvir melhor.<<strong>br</strong> />
APRENDER É UM ATO SEM FIM.<<strong>br</strong> />
O QUE É APRENDIZAGEM?<<strong>br</strong> />
É a capacidade e a possibilidade que as pessoas têm para perceber,<<strong>br</strong> />
conhecer, compreender e reter na memória as informações obtidas. É este o<<strong>br</strong> />
cortejo que leva à ampliação e ao enriquecimento das experiências<<strong>br</strong> />
anteriormente vividas; trata-se de um processo complexo que possibilita a<<strong>br</strong> />
criação e o desenvolvimento de novos conhecimentos. É por meio do<<strong>br</strong> />
aprendizado que se modifica o comportamento intelectual e social dos indivíduos.<<strong>br</strong> />
Portanto, o aprendizado é um processo fundamental na vida do ser humano.<<strong>br</strong> />
Na dimensão fisiológica, o aprendizado necessita de estruturas<<strong>br</strong> />
cere<strong>br</strong>ais íntegras, devidamente maturadas, isto é, mielinizadas, para que as<<strong>br</strong> />
funções específicas sejam elaboradas de modo adequado e eficiente. A<<strong>br</strong> />
integridade dos componentes cere<strong>br</strong>ais é fundamental para que o aprendizado se<<strong>br</strong> />
desenvolva; no entanto, somente isso não é suficiente, pois a integração cere<strong>br</strong>al<<strong>br</strong> />
com várias outras áreas, por meio das redes neurais, tais como a visual, auditiva<<strong>br</strong> />
e motora, é essencial e necessária para que o aprendizado se processe com o<<strong>br</strong> />
sucesso esperado.<<strong>br</strong> />
Na dimensão política, presente no trabalho pedagógico desenvolvido<<strong>br</strong> />
na escola a aprendizagem se caracteriza, geralmente, pelo poder. Ora, quando<<strong>br</strong> />
falamos em política a primeira palavra que inicialmente associamos é poder. E<<strong>br</strong> />
aqui podemos usar uma expressão usada por alguns dos discípulos de Sócrates:<<strong>br</strong> />
“o ethos se realiza na instância da polis”.<<strong>br</strong> />
Realmente, pois a ação dos homens em sociedade – em toda a História<<strong>br</strong> />
da Humanidade – sempre foi uma ação de caráter político, ou seja, o poder é um<<strong>br</strong> />
elemento presente, constante, na sociedade, ou no social.<<strong>br</strong> />
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Poder e força associam-se para, dialeticamente, construir uma<<strong>br</strong> />
sociedade mais justa, mais humana, mais lógica, mais crítica, que elege a “força<<strong>br</strong> />
do direito” para regular todas as relações interpessoais. (Vejamos, como<<strong>br</strong> />
exemplo, aliás, o melhor, IESHUA, ‘usando sua política’ - o cristianismo – onde o<<strong>br</strong> />
poder e a força do amor levará os homens a amar a Deus acima de todas as<<strong>br</strong> />
coisas e ao próximo como a si mesmo). Porém, quando se associam<<strong>br</strong> />
antidialeticamente, os interesses são escusos e a predominância será<<strong>br</strong> />
tiranicamente o “direito da força”. (Vejamos, como exemplo, aliás o pior, Hitler,<<strong>br</strong> />
usando sua política - o nazismo – onde o poder e a força do ódio ceifou mais de<<strong>br</strong> />
cinqüenta milhões de vidas humanas).<<strong>br</strong> />
No parágrafo acima verificamos dois modos intencionais de ações<<strong>br</strong> />
políticas. Logo, podemos associar a política a um programa de ação permeado<<strong>br</strong> />
pelo poder.<<strong>br</strong> />
No trabalho pedagógico desenvolvido na escola caracterizamos, “in<<strong>br</strong> />
totum”, competência e habilidade – competência técnica – como subjacente<<strong>br</strong> />
ao programa de ação desenvolvido para a socialização do saber.<<strong>br</strong> />
Não há dúvidas que essa forma de se estruturar a escola, onde a<<strong>br</strong> />
função da <strong>edu</strong>cação tem uma dimensão técnica e uma dimensão política,<<strong>br</strong> />
dialeticamente relacionadas, está historicamente construída, fazendo parte da<<strong>br</strong> />
cultura humana em todas as épocas, mesmo naquelas em que a escola não<<strong>br</strong> />
estava oficialmente constituída.<<strong>br</strong> />
Dessa forma, não nos parece difícil dizer que a manifestação desse<<strong>br</strong> />
aspecto político, presente no trabalho pedagógico desenvolvido na escola, se<<strong>br</strong> />
apresenta no interesse que desperta na comunidade escolar. Contudo, não<<strong>br</strong> />
podemos esquecer que este interesse está construído pela intencionalidade.<<strong>br</strong> />
Ora, sendo a escola o lugar de concepção, realização e avaliação de seu projeto<<strong>br</strong> />
<strong>edu</strong>cativo, parece-nos que a caracterização e a manifestação têm, assim, uma<<strong>br</strong> />
significação indissociável, vez que o trabalho pedagógico desenvolvido na escola<<strong>br</strong> />
torna-se um processo permanente de reflexão e discussão dos problemas<<strong>br</strong> />
da escola, na busca de alternativas viáveis à efetivação de sua<<strong>br</strong> />
intencionalidade, que não é descritiva ou constatativa, mas é constitutiva.<<strong>br</strong> />
A escola faz parte da sociedade, agindo so<strong>br</strong>e ela e sofrendo a ação<<strong>br</strong> />
desenvolvida por ela.<<strong>br</strong> />
Através dessa manifestação na escola da sociedade capitalista<<strong>br</strong> />
podemos dizer que a socialização do saber não tem cumprido a finalidade<<strong>br</strong> />
<strong>edu</strong>cativa que desejamos, para tornar os homens – os alunos – críticos, criativos,<<strong>br</strong> />
capazes de interferir na sociedade de forma eficaz, transformando-a, a partir da<<strong>br</strong> />
própria transformação.<<strong>br</strong> />
Ainda temos, embora num tempo de transição, uma escola que se<<strong>br</strong> />
manifesta como aparelho ideológico do Estado, privilegiando uma inculcação<<strong>br</strong> />
ideológica, não somente em relação aos seus conteúdos e técnicas, mas<<strong>br</strong> />
principalmente na postura dos <strong>edu</strong>cadores que nela desenvolvem sua prática.<<strong>br</strong> />
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Falamos acima num tempo de transição, pois, a inevitabilidade da<<strong>br</strong> />
mudança e a reflexão filosófica, destacam, cada vez mais, a importância do<<strong>br</strong> />
trabalho do <strong>edu</strong>cador, destacando a dimensão ética como forma de resgatar seu<<strong>br</strong> />
legítimo papel social, bem como o significado político de sua ação.<<strong>br</strong> />
O QUE É DISTÚRBIO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR?<<strong>br</strong> />
Considera-se distúrbio do aprendizado escolar como sendo um<<strong>br</strong> />
processo que interfere ou impede a evolução adequada da criança nas diversas<<strong>br</strong> />
atividades escolares. Por conta dessa dificuldade, o aluno mantém-se defasado,<<strong>br</strong> />
se se compará-lo com os outros colegas do seu grupo. Deve-se salientar que o<<strong>br</strong> />
comprometimento do aprendizado pode estar relacionado à defasagem no<<strong>br</strong> />
desenvolvimento da escrita, leitura ou do raciocínio matemático.<<strong>br</strong> />
Existem várias citações na literatura mundial a respeito, e calcula-se<<strong>br</strong> />
que a incidência se encontra na faixa entre 10% - 15% das crianças na idade<<strong>br</strong> />
escolar. Embora não tenhamos dados concretos no nosso meio, calculamos que<<strong>br</strong> />
essa porcentagem deva ser bem maior, pois com a “lei da não-reprovação” até a<<strong>br</strong> />
quarta série o diagnóstico das dificuldades escolares é, praticamente, ignorado<<strong>br</strong> />
até lá. Portanto, o número de crianças não alfabetizadas, não diagnosticadas e<<strong>br</strong> />
sem orientação especializada, aos 10 anos de idade, é bastante significativo.<<strong>br</strong> />
Parece-nos importante lem<strong>br</strong>ar que, segundo os dados do IBGE, 14%<<strong>br</strong> />
da nossa população é composta por analfabetos. O que devemos melhor avaliar<<strong>br</strong> />
é o significado da palavra “analfabeto” para o IBGE, pois, se for considerado<<strong>br</strong> />
como alfabetizado o indivíduo que rabisca o seu nome, então esse dado do IBGE<<strong>br</strong> />
poderá ser verdadeiro. A se imaginar que o alfabetizado deva saber algo mais,<<strong>br</strong> />
além de só conseguir assinar o nome, o número de analfabetos deverá triplicar.<<strong>br</strong> />
O diagnóstico precoce é de fundamental importância, pois com o<<strong>br</strong> />
passar do tempo as dificuldades vão-se somando e tornam-se mais acentuadas,<<strong>br</strong> />
dificultando a resolução do quadro. O diagnóstico precoce é, também, importante<<strong>br</strong> />
para se evitar a desmotivação do jovem e o conseqüente abandono das<<strong>br</strong> />
atividades escolares, por conta dos progressos limitados no aprendizado; esse<<strong>br</strong> />
rendimento aquém do desejado torna-se fator de desestímulo para o<<strong>br</strong> />
aprendizado.<<strong>br</strong> />
Quais são as causas que podem determinar o comprometimento da<<strong>br</strong> />
aprendizagem?<<strong>br</strong> />
Várias são as causas relacionadas às dificuldades na aprendizagem<<strong>br</strong> />
escolar, como por exemplo:<<strong>br</strong> />
• Comprometimento do nível intelectual;<<strong>br</strong> />
• Alterações comportamentais;<<strong>br</strong> />
• Distúrbios emocionais;<<strong>br</strong> />
• Inadequação pedagógica;<<strong>br</strong> />
• Adaptação ao método de ensino;<<strong>br</strong> />
• Inadequação familiar;<<strong>br</strong> />
• Dificuldades específicas do aprendizado;<<strong>br</strong> />
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• Doenças orgânicas agudas ou crônicas;<<strong>br</strong> />
• Disfunções do sistema nervoso central.<<strong>br</strong> />
Várias são as intercorrências clínicas que podem interferir no<<strong>br</strong> />
desenvolvimento neurológico da criança. Podemos citar as anormalidades que se<<strong>br</strong> />
manifestam durante a gestação (hemorragias e abortamento iminente) e, ainda,<<strong>br</strong> />
no período da gravidez destacar as infecções intra-uterinas, as anormalidades<<strong>br</strong> />
nutricionais (anemia, deficiência protéica e de vitaminas), doenças<<strong>br</strong> />
cardiopulmonares, entre outras, além do parto prematuro com as suas diversas<<strong>br</strong> />
implicações e complicações relacionadas ao período do parto ou imediatamente<<strong>br</strong> />
após, como a hipoxia e as hemorragias intracranianas. Intercorrências que<<strong>br</strong> />
comprometem diretamente a criança, como o sofrimento fetal no período final da<<strong>br</strong> />
gestação, durante ou imediatamente após o parto, podem interferir, de modo<<strong>br</strong> />
marcante, no desenvolvimento motor e mental do lactente; além dessas<<strong>br</strong> />
anormalidades, devemos lem<strong>br</strong>ar-nos das doenças genéticas, infecciosas,<<strong>br</strong> />
metabólicas, vasculares e degenerativas, cujas manifestações clínicas poderão se<<strong>br</strong> />
evidenciar mais tardiamente.<<strong>br</strong> />
Existem causas clínicas, não-neurológicas, que podem ter uma<<strong>br</strong> />
interferência importante no processo da aprendizagem escolar. Podemos citar as<<strong>br</strong> />
alterações relacionadas às deficiências nutricionais, alterações das vias auditivas<<strong>br</strong> />
e alterações oculares, além dos quadros psiquiátricos, que são diagnosticados<<strong>br</strong> />
evolutivamente.<<strong>br</strong> />
Há trabalhos que demonstraram existir comprometimento neurológico<<strong>br</strong> />
importante nas crianças com carência protéica, pois, no caso, a maturação<<strong>br</strong> />
neurológica se faz de maneira mais lenta e compromete o seu desempenho<<strong>br</strong> />
intelectual. Além disso, as crianças portadoras de anemias importantes, bem<<strong>br</strong> />
como as desnutridas, apresentam aporte energético globalmente r<strong>edu</strong>zido e,<<strong>br</strong> />
dessa maneira, as crianças mantêm-se em um persistente estado de desânimo,<<strong>br</strong> />
denotando ser pouco ativas e com capacidade de raciocínio mais lento. Quanto<<strong>br</strong> />
mais jovem for a criança comprometida pela desnutrição, mais acentuadas serão<<strong>br</strong> />
as repercussões no desenvolvimento neuropsicológico.<<strong>br</strong> />
Devemos considerar como fatores causadores da desnutrição,<<strong>br</strong> />
especialmente na infância, além das doenças, as dificuldades socioeconômicas<<strong>br</strong> />
como geradoras da desnutrição. A solução, no caso, se fosse no campo médico,<<strong>br</strong> />
teria um caminho bem mais simples para corrigir essa distorção, mas, como é de<<strong>br</strong> />
cunho político e social, a resolução torna-se muito mais complicada.<<strong>br</strong> />
O estado nutricional da mãe, durante a gestação, poderá influir no<<strong>br</strong> />
futuro desenvolvimento da criança no período escolar. Deve-se dispensar<<strong>br</strong> />
especial atenção à gestante, pois as deficiências nutricionais exercerão uma<<strong>br</strong> />
influência so<strong>br</strong>e o desenvolvimento do feto; essas deficiências, relacionadas à<<strong>br</strong> />
carência de proteínas e vitaminas, poderão interferir, acentuadamente, no<<strong>br</strong> />
desenvolvimento cere<strong>br</strong>al; o comprometimento cere<strong>br</strong>al interferirá no<<strong>br</strong> />
desenvolvimento intelectual e, consequentemente, o desempenho escolar será<<strong>br</strong> />
comprometido.<<strong>br</strong> />
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A saúde física pode exercer alguma influência no desempenho escolar?<<strong>br</strong> />
As crianças portadoras de doenças subagudas ou crônicas, que<<strong>br</strong> />
necessitam de tratamento prolongado, apresentam o rendimento escolar<<strong>br</strong> />
deficiente. Esse comprometimento pode estar relacionado à doença de base ou<<strong>br</strong> />
pode ser conseqüente aos medicamentos em uso que comprometem o estado<<strong>br</strong> />
geral e o ânimo; outra situação que deve ser considerada relaciona-se às<<strong>br</strong> />
sucessivas internações, necessárias ao tratamento, ou às relacionadas às<<strong>br</strong> />
questões de instabilidade emocional tanto da criança quanto dos parentes<<strong>br</strong> />
próximos.<<strong>br</strong> />
As crianças, na fase de pré-alfabelização ou mesmo de alfabetização,<<strong>br</strong> />
podem apresentar dificuldades na acuidade visual; essas crianças não<<strong>br</strong> />
conseguem perceber nem correlacionar essas deficiências, portanto, não se<<strong>br</strong> />
queixam. Quando o quadro é mais exuberante, os professores mais atentos<<strong>br</strong> />
conseguem notar; as próprias crianças, quando maiores, reclamam, pois já<<strong>br</strong> />
percebem suas dificuldades. Entretanto, e não raramente, quando a criança<<strong>br</strong> />
reclama das anormalidades visuais, já existe um certo grau de defasagem do<<strong>br</strong> />
aprendizado.<<strong>br</strong> />
Consideramos que todas as crianças no período escolar deveriam ser<<strong>br</strong> />
encaminhadas para uma triagem oftalmológica e esse procedimento pode ser<<strong>br</strong> />
realizado por um técnico especialmente treinado. Com essa medida simples e<<strong>br</strong> />
rápida pode-se diagnosticar os distúrbios visuais e encaminhar a criança ao<<strong>br</strong> />
oftalmologista. Não há necessidade de se aguardar o aparecimento de<<strong>br</strong> />
transtornos maiores do desempenho escolar para se concluir que a criança<<strong>br</strong> />
precisa lentes corretivas. Esta é uma condição inaceitável.<<strong>br</strong> />
As dificuldades auditivas nem sempre são percebidas com facilidade,<<strong>br</strong> />
pois a audição poderá estar preservada, mas a identificação do som poderá estar<<strong>br</strong> />
prejudicada; há vezes que a acuidade auditiva está comprometida, o que pode<<strong>br</strong> />
ser notado até em casa, pois os pacientes ligam os aparelhos de som e os<<strong>br</strong> />
mantêm com volume alto ou ficam muito próximos dos alto-falantes; nota-se<<strong>br</strong> />
que, muitas vezes, essas crianças falam muito alto e isso pode levar à suspeita<<strong>br</strong> />
da existência de nível r<strong>edu</strong>zido da capacidade auditiva, que pode ser uni ou<<strong>br</strong> />
bilateral. Durante as aulas a criança percebe que a professora está falando, mas<<strong>br</strong> />
tem dificuldade para entender o que está sendo falado; quando isso acontece, o<<strong>br</strong> />
prejuízo no aprendizado é grande, pois o aluno entende errado, escreve errado<<strong>br</strong> />
e, consequentemente, lê errado.<<strong>br</strong> />
Existe alguma relação entre a defasagem no desenvolvimento da fala e<<strong>br</strong> />
os distúrbios da aprendizagem?<<strong>br</strong> />
As crianças na fase de desenvolvimento da fala apresentam trocas de<<strong>br</strong> />
fonemas (r:l, t:b, f:v, etc.) ou omissões (r, I) que são consideradas normais até<<strong>br</strong> />
os 4 anos de idade. Ao ultrapassar essa faixa etária, mantendo essas trocas, que<<strong>br</strong> />
são denominadas de dislalias, essas crianças deverão ser encaminhadas para<<strong>br</strong> />
orientação fonaudiológica, pois com a persistência dessas alterações haverá<<strong>br</strong> />
uma grande probabilidade de apresentarem dificuldades para o aprendizado da<<strong>br</strong> />
escrita e leitura.<<strong>br</strong> />
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Os reflexos inerentes às dificuldades escolares interferem em várias<<strong>br</strong> />
atividades cotidianas e podem comprometer as relações, sejam elas familiares,<<strong>br</strong> />
sociais, culturais ou emocionais, do indivíduo. As crianças passam a sofrer uma<<strong>br</strong> />
série de interferências negativas, nos diversos ambientes que freqüentam; em<<strong>br</strong> />
várias ocasiões são rejeitadas pelos amigos que as consideram menos capazes e<<strong>br</strong> />
menos inteligentes; o seu progresso escolar e intelectual processa-se de modo<<strong>br</strong> />
ineficiente ou insuficiente, colocando-as em uma posição de inferioridade; o<<strong>br</strong> />
somatório desses fatores interfere, de forma acentuada, no seu estado<<strong>br</strong> />
emocional; uma vez comprometido o seu estado emocional, manifestam-se as<<strong>br</strong> />
alterações comportamentais nas mais variadas formas.<<strong>br</strong> />
escola?<<strong>br</strong> />
Aqui podemos fazer algumas perguntas importantes:<<strong>br</strong> />
Quais os motivos que levam as crianças a abandonarem a<<strong>br</strong> />
Várias são as circunstâncias enfrentadas pelas crianças que podem<<strong>br</strong> />
induzi-las à evasão escolar:<<strong>br</strong> />
• Marginalização nas salas de aulas, devido às suas dificuldades para<<strong>br</strong> />
o aprendizado.<<strong>br</strong> />
• Farta de estrutura pedagógica que ofereça, ao aluno, orientação<<strong>br</strong> />
adequada.<<strong>br</strong> />
• <strong>Pos</strong>sibilidades limitadas para conseguir superar suas dificuldades.<<strong>br</strong> />
• Condições socioeconômicas limitadas induzem a criança a procurar<<strong>br</strong> />
trabalho precocemente, e isso dificulta o bom desempenho nas<<strong>br</strong> />
atividades escolares.<<strong>br</strong> />
• O afastamento temporário do ambiente escolar, no caso das<<strong>br</strong> />
crianças de baixa renda, dificilmente as trará de volta à escola.<<strong>br</strong> />
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O que é fobia escolar?<<strong>br</strong> />
Trata-se de um quadro apresentado pela criança que se caracteriza por<<strong>br</strong> />
crises de ansiedade, que se manifestam em casa, precedendo a ida para a<<strong>br</strong> />
escola. Nota-se uma alteração do comportamento com agressividade e, por<<strong>br</strong> />
vezes, associado a outros sintomas, como náuseas, vômitos, dor abdominal,<<strong>br</strong> />
cefaléia, enurese e encoprese. Esse quadro desaparece quando a criança é<<strong>br</strong> />
informada que não precisa ir à escola.<<strong>br</strong> />
Enurese = incontinência urinária; encoprese = incontinência fecal.<<strong>br</strong> />
Como as questões emocionais podem ter interferência na<<strong>br</strong> />
aprendizagem escolar?<<strong>br</strong> />
As dificuldades escolares podem ser determinantes de instabilidades<<strong>br</strong> />
emocionais, formando um círculo vicioso. Essas crianças, quando percebem<<strong>br</strong> />
serem menos hábeis que os colegas, por conta dos resultados negativos obtidos,<<strong>br</strong> />
passam a se sentir incapazes; esse sentimento de incompetência as leva à<<strong>br</strong> />
sensação de fracasso e, com isso, a auto-estima torna-se muito baixo.<<strong>br</strong> />
Os estados emocionais, como ansiedade, depressão, medos e<<strong>br</strong> />
insegurança, com certa freqüência, interferem no bom desempenho escolar.<<strong>br</strong> />
Essas alterações psicodinâmicas, geralmente, estão associadas aos distúrbios da<<strong>br</strong> />
atenção e concentração que apresentam, como resultado final, um rendimento<<strong>br</strong> />
escolar aquém do esperado para as possibilidades da criança.<<strong>br</strong> />
Sabe-se que a família é a referência mais importante para a criança, a<<strong>br</strong> />
qual se constitui no maior suporte para a sua segurança afetiva. Assim sendo,<<strong>br</strong> />
todos os indicadores que são demonstrados à criança, sugerindo a possibilidade<<strong>br</strong> />
de algum abalo na estrutura familiar, podem alterar o seu estado emocional e<<strong>br</strong> />
gerar resultados negativos no aprendizado escolar. Há de se lem<strong>br</strong>ar, também,<<strong>br</strong> />
que os casos de violência (física, sexual, psicológica), as doenças graves em,<<strong>br</strong> />
mem<strong>br</strong>os da família, os conflitos com os pais, o litígio entre estes, as desavenças<<strong>br</strong> />
com outros mem<strong>br</strong>os da família ou outros fatores de instabilidade que ameaçam<<strong>br</strong> />
o equilí<strong>br</strong>io familiar podem ser fatores de interferência no desempenho escolar.<<strong>br</strong> />
Devemos, ainda, citar os modelos de família pouco estruturados ou os modelos<<strong>br</strong> />
que “fogem” aos padrões habituais, como determinantes de instabilidade<<strong>br</strong> />
emocional e de interferência no rendimento escolar. Outra circunstância que<<strong>br</strong> />
determina grande ansiedade na criança é a exagerada expectativa, dos pais, em<<strong>br</strong> />
relação ao seu desempenho no aprendizado. Muitos pais insistem na<<strong>br</strong> />
alfabetização precoce, ignorando e desrespeitando o processo o<strong>br</strong>igatório de<<strong>br</strong> />
amadurecimento neurológico do seu filho. Vale mencionar a desmotivação, por<<strong>br</strong> />
parte da criança para o aprendizado, pelo sentimento de inferioridade gerado<<strong>br</strong> />
pela superproteção que os pais lhe dispensam. Em situação oposta, encontramse<<strong>br</strong> />
pais que pouco participam da vida dos filhos, ou até os rejeitam, pelos<<strong>br</strong> />
motivos mais variados. Portanto, os descompassos familiares exercem uma forte<<strong>br</strong> />
influência no desempenho escolar da criança, levando-a ao insucesso.<<strong>br</strong> />
A existência de dificuldades na adaptação social e ambiental interfere<<strong>br</strong> />
no estado emocional da criança e a leva à defasagem no aprendizado escolar.<<strong>br</strong> />
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O professor ocupa uma posição muito destacada e é visto, pelos<<strong>br</strong> />
alunos, como uma figura importante, pois é um intermediário que auxilia a<<strong>br</strong> />
criança na aquisição e no desenvolvimento dos seus conhecimentos; portanto, o<<strong>br</strong> />
professor necessita ter maturidade e sensibilidade suficientes para uma boa<<strong>br</strong> />
interação com as crianças e, com isso, conseguir que elas atinjam o máximo de<<strong>br</strong> />
rendimento no aprendizado escolar.<<strong>br</strong> />
Há vezes que o professor passa por situações particulares que geram<<strong>br</strong> />
certa instabilidade emocional a qual pode repercutir na qualidade da aula, no<<strong>br</strong> />
relacionamento com o aluno e, consequentemente, interferir, negativamente, no<<strong>br</strong> />
aproveitamento escolar.<<strong>br</strong> />
Não podemos deixar de citar a existência de alguns professores mal<<strong>br</strong> />
preparados, de competência duvidosa e mal orientados que atrapalham o bom<<strong>br</strong> />
desempenho do aluno. Há, também, os inábeis para lidar com as crianças, sejam<<strong>br</strong> />
elas com ou sem dificuldades no aprendizado, que exercem uma interferência<<strong>br</strong> />
negativa no estado emocional do aluno, atrapalhando o seu desenvolvimento<<strong>br</strong> />
escolar.<<strong>br</strong> />
Quais as falhas do sistema escolar que podem dificultar o bom<<strong>br</strong> />
rendimento da criança?<<strong>br</strong> />
• Supervalorização da rapidez na execução das tarefas em classe.<<strong>br</strong> />
• Grande número de alunos nas salas de aulas impedindo ou<<strong>br</strong> />
impossibilitando um atendimento mais adequado a eles.<<strong>br</strong> />
• Trocas freqüentes de professores.<<strong>br</strong> />
• Condições precárias, seio sob o aspecto material, seio sob o aspecto<<strong>br</strong> />
humano.<<strong>br</strong> />
Existe relação entre o comportamento hiperativo e a<<strong>br</strong> />
aprendizagem escolar?<<strong>br</strong> />
As crianças hiperativas apresentam, em muitas ocasiões, dificuldades<<strong>br</strong> />
no aprendizado, pois a impossibilidade de se manterem quietas durante as<<strong>br</strong> />
atividades, aliada à dispersão e desatenção, interfere na assimilação dos<<strong>br</strong> />
conceitos. Havendo as falhas na assimilação dos conceitos, o rendimento final<<strong>br</strong> />
será aquém do esperado. Há vezes que a criança hiperativa executa as tarefas,<<strong>br</strong> />
rapidamente, mas de maneira inadequada e isso repercutirá no seu aprendizado.<<strong>br</strong> />
Além disso, a criança hiperativa interfere na dinâmica das aulas, o que, também,<<strong>br</strong> />
atrapalha o bom rendimento no aprendizado.<<strong>br</strong> />
As crianças hipoativas, em certas ocasiões, são até consideradas como<<strong>br</strong> />
deficientes mentais, pois apresentam o comportamento muito adequado, são<<strong>br</strong> />
<strong>edu</strong>cados, solícitas, mas o desempenho escolar está muito abaixo do esperado<<strong>br</strong> />
para as suas condições. A sua participação nas atividades em classe é limitada,<<strong>br</strong> />
especialmente por conta da dispersão, desatenção e dificuldade à concentração<<strong>br</strong> />
para a realização das tarefas. Para a execução das tarefas são muito lentas e<<strong>br</strong> />
muitas vezes não conseguem finalizá-las e isso prejudica o seu aprendizado.<<strong>br</strong> />
As disfunções psicomotoras interferem no desempenho<<strong>br</strong> />
escolar? .<<strong>br</strong> />
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As crianças que apresentam alterações da coordenação motora fina e<<strong>br</strong> />
global e falta de destreza podem apresentar dificuldades, em geral, muito<<strong>br</strong> />
evidentes na escrita. Em várias ocasiões as crianças escrevem de modo ilegível<<strong>br</strong> />
e, freqüentemente, lhes é solicitado mais capricho e mais empenho para a<<strong>br</strong> />
realização das tarefas. Devido às suas dificuldades motoras, essas crianças não<<strong>br</strong> />
conseguem contornar as dificuldades por si mesmas e isso as compromete sob o<<strong>br</strong> />
aspecto emocional, que acaba por interferir, negativamente, no seu rendimento<<strong>br</strong> />
escolar.<<strong>br</strong> />
No momento em que o professor perceber que o desempenho do aluno<<strong>br</strong> />
está aquém do esperado para o seu potencial intelectual, quando perceber<<strong>br</strong> />
dificuldades específicas ou notar a existência de desvios comportamentais.<<strong>br</strong> />
Nessas circunstâncias, os professores devem comunicar-se com os orientadores<<strong>br</strong> />
vocacionais para que estes encaminhem o aluno para uma avaliação<<strong>br</strong> />
especializada.<<strong>br</strong> />
As dificuldades escolares fazem parte de um complexo multidisciplinar<<strong>br</strong> />
no qual podem estar envolvidos os professores, pedagogos, psicopedagogos,<<strong>br</strong> />
psicólogos, neurologistas, psiquiatras, oftalmologistas e otorrinolaringologistas.<<strong>br</strong> />
Portanto, cada caso deve ser, criteriosamente, avaliado para que o aluno receba<<strong>br</strong> />
a orientação necessária e adequada e que não seja encaminhado para os vários<<strong>br</strong> />
especialistas, pois ,isso acarreta um desgaste muito grande para a criança e para<<strong>br</strong> />
os familiares.<<strong>br</strong> />
Os alunos com dificuldades escolares devem sempre ser<<strong>br</strong> />
encaminhado para uma classe especial?<<strong>br</strong> />
Deve-se ter muito cuidado, pois muitas vezes faz-se confusão entre a<<strong>br</strong> />
classe especial e a sala de aulas com número r<strong>edu</strong>zido de alunos. Há ocasiões<<strong>br</strong> />
em que o aluno é encaminhado, indevidamente, para classe especial, a qual é<<strong>br</strong> />
destinada para os alunos que apresentam deficiência mental. Nesse caso, o<<strong>br</strong> />
prejuízo torna-se muito maior, pois o aluno é nivelado por baixo, considerandose<<strong>br</strong> />
o seu potencial intelectual; este é um fator que limita, ainda mais, o seu<<strong>br</strong> />
aprendizado. Quando encaminhado para sala com menos alunos poderá receber<<strong>br</strong> />
um atendimento individualizado, possibilitando superar as suas dificuldades<<strong>br</strong> />
transitórias e o seu desempenho far-se-á dentro das suas possibilidades<<strong>br</strong> />
intelectuais.<<strong>br</strong> />
O retardo mental impede o aprendizado escolar?<<strong>br</strong> />
O retardo mental não é um fator que impede o aprendizado escolar,<<strong>br</strong> />
mas devemos estar cientes de que os progressos no aprendizado serão limitados<<strong>br</strong> />
e dependerão do grau de comprometimento intelectual da criança. O retardo<<strong>br</strong> />
mental significa que existe capacidade r<strong>edu</strong>zida e lenta para o processamento<<strong>br</strong> />
das informações em relação a uma criança normal. Para essas crianças são<<strong>br</strong> />
necessárias estratégias diferentes e especializadas para que se possa obter o<<strong>br</strong> />
melhor rendimento possível no seu aprendizado, respeitando-se as possibilidades<<strong>br</strong> />
individuais dos alunos, além de se lhes oferecer o máximo das oportunidades<<strong>br</strong> />
disponíveis.<<strong>br</strong> />
Há benefícios inestimáveis com as escolas profissionalizantes, que,<<strong>br</strong> />
possivelmente, tornará os portadores de retardo mental independentes; poderão<<strong>br</strong> />
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tornar-se auto-suficientes para a própria manutenção, o que diminuiria, de modo<<strong>br</strong> />
substancial, uma enorme preocupação dos familiares com esses indivíduos na<<strong>br</strong> />
adultividade. Esses jovens com oportunidades de se desenvolverem<<strong>br</strong> />
profissionalmente podem ser produtivos e, com isso, melhorar a sua autoestima,<<strong>br</strong> />
o que lhes possibilitaria uma vida futura mais feliz. Infelizmente, o<<strong>br</strong> />
número de escolas, para essas pessoas, é muito r<strong>edu</strong>zido e essas escolas são<<strong>br</strong> />
bastante dispendiosas. Em vários estados do país não existem ou são<<strong>br</strong> />
precariamente amparadas as escolas para esse tipo de pessoa. Deveria haver,<<strong>br</strong> />
em nível governamental, uma política, mais consistente voltada para atender<<strong>br</strong> />
esses jovens, seja em caráter oficial ou associado a entidades particulares<<strong>br</strong> />
especializadas. A parceria com outros setores poderia ser estimulada por meio de<<strong>br</strong> />
isenções tributárias, revertendo-se o benefício para o próprio governo e os<<strong>br</strong> />
interessados diretamente.<<strong>br</strong> />
A criança portadora de epilepsia pode apresentar dificuldades<<strong>br</strong> />
no aprendizado escolar?<<strong>br</strong> />
Várias são as circunstâncias que podem interferir no aprendizado da<<strong>br</strong> />
criança epiléptica:<<strong>br</strong> />
• Quando portadoras de lesões cere<strong>br</strong>ais pregressas.<<strong>br</strong> />
• Demonstração de crises convulsivas freqüentes;<<strong>br</strong> />
• Existência de doenças degenerativas associadas.<<strong>br</strong> />
• Alterações comportamentais que podem estar relacionadas ao<<strong>br</strong> />
quadro clínico ou aos medicamentos que o paciente ingere<<strong>br</strong> />
regularmente para controle das crises convulsivas (sonolência,<<strong>br</strong> />
irritabilidade).<<strong>br</strong> />
• Rejeição no ambiente escolar, pois existem, ainda, muitos<<strong>br</strong> />
preconceitos em relação ao paciente epiléptico.<<strong>br</strong> />
• Superproteção familiar, especialmente com os pacientes que<<strong>br</strong> />
apresentam crises convulsivas de difícil controle, como os que<<strong>br</strong> />
tomam muitos medicamentos e em horários estabelecidos.<<strong>br</strong> />
A maioria das crianças com epilepsia tem as crises facilmente<<strong>br</strong> />
controladas com os medicamentos prescritos e não apresentam nenhuma<<strong>br</strong> />
dificuldade para o aprendizado escolar. Portanto, essas crianças devem<<strong>br</strong> />
participar, indiscriminadamente, de todas as atividades escolares habituais.<<strong>br</strong> />
Há uma pequena parcela de pacientes que apresenta defasagem do<<strong>br</strong> />
desenvolvimento mental associado ao quadro epiléptico, portanto, e esse grupo<<strong>br</strong> />
de pacientes que necessita de orientação psicopedagógica e psicológica<<strong>br</strong> />
diferenciada.<<strong>br</strong> />
O que são as crises de ausência?<<strong>br</strong> />
Trata-se de um tipo especial de epilepsia no qual o indivíduo apresenta<<strong>br</strong> />
um período <strong>br</strong>eve de perda da consciência, com início súbito, que pode estar<<strong>br</strong> />
associado a discretos movimentos da face, boca, língua, olhos; a duração é de<<strong>br</strong> />
segundos, melhorando logo após, quando o paciente volta ao seu estado normal;<<strong>br</strong> />
essa manifestação pode repetir-se várias vezes durante o dia.<<strong>br</strong> />
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Nesses episódios <strong>br</strong>eves de “desligamentos”, que são as crises de<<strong>br</strong> />
ausência, o indivíduo parece estar como que distraído por alguns instantes, mas<<strong>br</strong> />
é o período <strong>br</strong>eve de perda da consciência. Esse corte interfere no desempenho<<strong>br</strong> />
das atividades gerais, pela interrupção das atividades cere<strong>br</strong>ais por alguns<<strong>br</strong> />
instantes.<<strong>br</strong> />
Como diferenciar uma criança distraída daquela que apresenta<<strong>br</strong> />
crises de ausência?<<strong>br</strong> />
Inicialmente deve estar-se familiarizado com o que seja a ausência,<<strong>br</strong> />
mas nem sempre é fácil se fazer o diagnóstico diferencial. Havendo suspeita<<strong>br</strong> />
deve-se encaminhar o pacier1te a um neuropediatra para avaliação. O<<strong>br</strong> />
eletroencefalograma é o exame indicado para a confirmação do diagnóstico, pois<<strong>br</strong> />
o traçado, nos casos de ausência, é típico.<<strong>br</strong> />
Existem vários medicamentos disponíveis para o tratamento das crises<<strong>br</strong> />
de ausência que controlam essas crises de modo muito eficiente.<<strong>br</strong> />
Alguns dos medicamentos indicados para essa finalidade podem causar<<strong>br</strong> />
sonolência, mas grande parte das vezes isso ocorre somente na fase inicial do<<strong>br</strong> />
tratamento, que é o período da adaptação. Quando esse desconforto persiste,<<strong>br</strong> />
deve comunicar-se ao médico assistente, visando encontrar outras alternativas<<strong>br</strong> />
entre os medicamentos disponíveis.<<strong>br</strong> />
O que é a dislexia?<<strong>br</strong> />
A dislexia, palavra de origem grega, é definida como uma dificuldade<<strong>br</strong> />
relacionada à aquisição e ao desenvolvimento da leitura. Atualmente o sentido é<<strong>br</strong> />
mais a<strong>br</strong>angente, pois se considera a dislexia como sendo a dificuldade<<strong>br</strong> />
relacionada, também, à escrita.<<strong>br</strong> />
Trata-se de uma dificuldade específica, que a criança apresenta, para<<strong>br</strong> />
perceber e decodificar as palavras de maneira adequada.<<strong>br</strong> />
Essa dificuldade é de origem constitucional, inesperada para a idade e<<strong>br</strong> />
para as condições da criança; compromete o aprendizado da leitura, da escrita e<<strong>br</strong> />
do soletrar.<<strong>br</strong> />
As crianças disléxicas apresentam a leitura lenta, trabalhosa, palavra<<strong>br</strong> />
por palavra, e isso interfere na compreensão do texto lido. Além disso, as<<strong>br</strong> />
distorções que aparecem na escrita reforçam o diagnóstico. A criança é<<strong>br</strong> />
considerada disléxica quando todas essas dificuldades que apresenta já deveriam<<strong>br</strong> />
ter sido superadas para a sua idade.<<strong>br</strong> />
Existem várias estatísticas, de autores estrangeiros, que apontam para<<strong>br</strong> />
uma freqüência variando em torno de 10% da população na idade escolar.<<strong>br</strong> />
Embora não tenhamos dados estatísticos consistentes no nosso meio, calculamos<<strong>br</strong> />
que a percentagem de disléxicos esteja nesse mesmo patamar, com o agravante<<strong>br</strong> />
de o número de analfabetos ainda ser muito grande.<<strong>br</strong> />
Isso significa que entre os 14% oficialmente declarados analfabetos<<strong>br</strong> />
deve haver um número não desprezível de disléxicos.<<strong>br</strong> />
Os dados mostram que a dislexia aparece predominantemente no sexo<<strong>br</strong> />
masculino, na razão de 2-3: 1.<<strong>br</strong> />
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Podemos citar, de uma maneira simples, três tipos de dificuldades que<<strong>br</strong> />
definem a dislexia:<<strong>br</strong> />
• Falha no estabelecimento da relação som - símbolo gráfico. No<<strong>br</strong> />
caso há uma provável disfunção da discriminação auditiva.<<strong>br</strong> />
• Falha na discriminação visual que acarretará as inversões,<<strong>br</strong> />
rotações e confusões das letras com grafia semelhante.<<strong>br</strong> />
• Associação das duas anteriores.<<strong>br</strong> />
Para exemplificar o que foi citado:<<strong>br</strong> />
Grafia semelhante: b/d, p/q.<<strong>br</strong> />
Sons semelhantes: d/t, v/f.<<strong>br</strong> />
Inversão: sapato/solapo, par/pra.<<strong>br</strong> />
Adição: casa/casca, mal/male.<<strong>br</strong> />
Supressão: <strong>br</strong>anco/banco, carro/cao.<<strong>br</strong> />
Espelho: tio/oit, sol/los.<<strong>br</strong> />
Repetição: caramemelo, bananana.<<strong>br</strong> />
Quando as crianças lêem nota-se que a leitura é lenta, hesitante, com<<strong>br</strong> />
omissões, substituições, adivinhações e erros. Devemos estar cientes que este é<<strong>br</strong> />
um quadro transitório, o qual deverá ser superado em pouco tempo e essa<<strong>br</strong> />
dislexia desaparece. Todo o processo evolutivo necessita de um período de<<strong>br</strong> />
tempo determinado a fim de se desenvolver, aperfeiçoar e atingir a maturidade<<strong>br</strong> />
para o desempenho pleno da função.<<strong>br</strong> />
Há repercussões, também, na escrita nos casos de dislexia de<<strong>br</strong> />
evolução?<<strong>br</strong> />
Nesse caso encontramos comprometimento da escrita caracterizado<<strong>br</strong> />
por inversões de letras, inserções, omissões, alteração na ordem das letras. A<<strong>br</strong> />
essas alterações que se manifestam na escrita denominamos disortografia. Da<<strong>br</strong> />
mesma forma como em relação à leitura, a tendência é a superação dessa<<strong>br</strong> />
dificuldade com o desenvolvimento e a maturação neurológica da criança.<<strong>br</strong> />
Como é um quadro transitório e que tende a ser superado em curto<<strong>br</strong> />
espaço de tempo, não se recomenda um tratamento específico inicial; deve-se<<strong>br</strong> />
dispensar uma especial atenção para que essa situação não se prolongue para<<strong>br</strong> />
não retardar o aprendizado, pois isso pode ser um fator de desencorajamento à<<strong>br</strong> />
criança para a leitura e escrita.<<strong>br</strong> />
Devemos, ainda, lem<strong>br</strong>ar-nos que a dislexia de evolução está<<strong>br</strong> />
relacionada ao processo de desenvolvimento neurológico, portanto, o<<strong>br</strong> />
desaparecimento do quadro necessita de um determinado período de tempo<<strong>br</strong> />
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estabelecido para a devida maturação cere<strong>br</strong>al. Portanto, a compreensão e a<<strong>br</strong> />
paciência dos circunstantes são necessárias e importantes.<<strong>br</strong> />
A dislexia denominada específica é um quadro geneticamente<<strong>br</strong> />
determinado, portanto, é um quadro definitivo. Nesse caso, o indivíduo deverá<<strong>br</strong> />
conviver com essas dificuldades, pois não serão superadas nem na adultividade e<<strong>br</strong> />
isso significa que não tem cura. Atualmente, existem alguns artifícios que são<<strong>br</strong> />
utilizados para contornar essas dificuldades, tornando-as menos aparentes,<<strong>br</strong> />
podendo citar, no caso, os recursos da informática.<<strong>br</strong> />
Muitos apresentam as letras com traçado incorreto, erros ortográficos,<<strong>br</strong> />
sentenças incompletas, erros gramaticais; denotam, ainda, dificuldades para<<strong>br</strong> />
copiar do quadro negro ou de um livro, além da escrita ser lenta.<<strong>br</strong> />
O disléxico apresenta uma série de razões que pode interferir na<<strong>br</strong> />
interpretação dos textos, pois a leitura é lenta, fragmentada, monótona,<<strong>br</strong> />
hesitante e com troca de fonemas; esse conjunto de dificuldades atrapalhará a<<strong>br</strong> />
interpretação do texto lido. Quando o indivíduo lê, existe uma preocupação que é<<strong>br</strong> />
dirigida à decodificação, para que a leitura seja correta; essa preocupação acaba<<strong>br</strong> />
prejudicando a interpretação da parte global do texto, pois dispersa o leitor do<<strong>br</strong> />
conteúdo, dificultando a compreensão, portanto ele não consegue assimilar o<<strong>br</strong> />
sentido do que foi lido. Além disso, o disléxico dispersa-se com muita freqüência,<<strong>br</strong> />
fato este que acaba dificultando, ainda mais, a capacidade para a memorização<<strong>br</strong> />
durante a leitura. Como resultado final dessas dificuldades, teremos um texto<<strong>br</strong> />
mal lido, mal interpretado, mal armazenado na memória e, portanto, mal<<strong>br</strong> />
aproveitado.<<strong>br</strong> />
Em algumas ocasiões a criança disléxica é <strong>br</strong>ilhante em cálculos<<strong>br</strong> />
aritméticos, mas necessita que alguém leia os textos dos exercícios propostos,<<strong>br</strong> />
pois se isso não acontecer os enganos acontecem por erro de interpretação da<<strong>br</strong> />
proposta e não por dificuldade para a elaboração dos cálculos. Há vezes que o<<strong>br</strong> />
disléxico pode apresentar, assim como na escrita, inversões dos números,<<strong>br</strong> />
confusão com os símbolos operacionais (+ e x) e cópia de modo incorreto;<<strong>br</strong> />
apresenta, ainda, dificuldade para evocar as seqüências dos números e para<<strong>br</strong> />
memorizar a tabuada.<<strong>br</strong> />
O que é disgrafia?<<strong>br</strong> />
A disgrafia caracteriza-se por uma escrita mal elaborada, feia, não se<<strong>br</strong> />
conseguindo, muitas vezes, decifrar o que está escrito. Há vezes que nem a<<strong>br</strong> />
própria criança consegue entender o que escreveu. Entre os adultos a disgrafia é<<strong>br</strong> />
encontrada, de modo tradicional, principalmente no meio médico, pois poucas<<strong>br</strong> />
são as pessoas que conseguem decifrar o que foi escrito no receituário.<<strong>br</strong> />
As crianças que apresentam defasagem na aquisição e no<<strong>br</strong> />
desenvolvimento da fala poderão, na fase de alfabetização, apresentar algumas<<strong>br</strong> />
dificuldades transitórias no aprendizado da escrita e leitura. Deve-se salientar<<strong>br</strong> />
que esse quadro não está, necessariamente, relacionado à dislexia.<<strong>br</strong> />
Há vezes que o disléxico apresenta inversões das palavras, dificuldade<<strong>br</strong> />
para compreender a linguagem falada e se concentrar na conversa; constrói<<strong>br</strong> />
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frases gramaticalmente incorretas; além disso, repete o que se lhe diz e, por<<strong>br</strong> />
vezes, as idéias são confusas pela dificuldade para se expressar.<<strong>br</strong> />
O que é dislalia?<<strong>br</strong> />
Trata-se de uma alteração da fala caracterizada por troca, omissão e<<strong>br</strong> />
substituição de fonemas (som das letras). A dislalia é um quadro considerado<<strong>br</strong> />
normal no desenvolvimento da criança e que deve ser superado até os 4 anos de<<strong>br</strong> />
idade. Havendo persistência da dislalia após essa idade, é motivo de<<strong>br</strong> />
encaminhamento da criança para orientação e tratamento especializado para que<<strong>br</strong> />
não haja interferência no seu processo de alfabetização. Há ocasiões em que a<<strong>br</strong> />
dislalia é estimulada pelos pais, babás e parentes, pois acham graça no modo<<strong>br</strong> />
como a criança fala e, muitas vezes, usam a mesma maneira da falar, o que é<<strong>br</strong> />
um grande desserviço para o aprendizado da criança.<<strong>br</strong> />
Há um número considerável de crianças que apresentam dificuldades<<strong>br</strong> />
para cálculos, devido a problemas de percepção espacial da seqüência dos<<strong>br</strong> />
números, dificuldades para reconhecer os símbolos aritméticos e inabilidade para<<strong>br</strong> />
lidar com a linguagem lógica para realizar as operações simples de somar,<<strong>br</strong> />
subtrair, multiplicar ou dividir. Muitas crianças apresentam dificuldade para<<strong>br</strong> />
memorizar a tabuada e isso causa transtornos para a execução dos cálculos.<<strong>br</strong> />
Existem exames laboratoriais que podem detectar os distúrbios<<strong>br</strong> />
do aprendizado?<<strong>br</strong> />
Alguns exames estão sendo realizados com o objetivo de se<<strong>br</strong> />
demonstrar as correlações dos distúrbios do aprendizado e as alterações<<strong>br</strong> />
evidenciadas nos exames. Há autores que citam as alterações do ritmo elétrico<<strong>br</strong> />
cere<strong>br</strong>al registradas, no eletroencefalograma, em grupo de pacientes com<<strong>br</strong> />
alterações do aprendizado escolar. Outros pesquisadores estudando pacientes<<strong>br</strong> />
com dislexia encontraram alterações, por meio da ressonância magnética nuclear<<strong>br</strong> />
da cabeça, como as simetrias dos hemisférios cere<strong>br</strong>ais do lado direito e<<strong>br</strong> />
esquerdo. Estamos estudando, há algum tempo, pacientes que apresentam<<strong>br</strong> />
distúrbios do aprendizado por meio da cintilografia cere<strong>br</strong>al (SPECT); esse exame<<strong>br</strong> />
pode avaliar as condições circulatário-metabólicas do cére<strong>br</strong>o. Em uma<<strong>br</strong> />
porcentagem considerável, encontramos alterações da perfusão em algumas<<strong>br</strong> />
áreas do cére<strong>br</strong>o; todavia, a correlação das dificuldades no aprendizado e as<<strong>br</strong> />
alterações da perfusão cere<strong>br</strong>al ainda estão sendo avaliadas. Além desses<<strong>br</strong> />
exames, tem-se utilizado do processamento auditivo central, o qual detecta as<<strong>br</strong> />
dificuldades para a percepção e discriminação auditiva, que pode ser uma causa<<strong>br</strong> />
importante de distúrbio da fala e do aprendizado. No caso da dislexia, os estudos<<strong>br</strong> />
genéticos estão em andamento e em alguns casos têm-se alterações. Não se<<strong>br</strong> />
dispõe, ainda, de nenhum dado laboratorial absoluto que seja determinante dos<<strong>br</strong> />
distúrbios do aprendizado e, em especial, da dislexia.<<strong>br</strong> />
Como a incompreensão, em relação às dificuldades no<<strong>br</strong> />
aprendizado, interfere na vida da criança, prejudicando, ainda mais, as<<strong>br</strong> />
atividades escolares?<<strong>br</strong> />
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Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didático.<<strong>br</strong> />
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Instituto Superior de Educaçaçãodo Vale do Juruena<<strong>br</strong> />
Associação Juinense de Ensino Superior do Vale do Juruena<<strong>br</strong> />
Pós-Graduação Lato Sensu em <strong>PSICOPEDAGOGIA</strong> E EDUCAÇÃO INFANTIL<<strong>br</strong> />
Prof. MS. ALBERICO CONY CAVALCANTI<<strong>br</strong> />
O disléxico não consegue aprender como as outras crianças, mesmo<<strong>br</strong> />
que estas sejam menos dotadas intelectualmente, portanto, passa a ser<<strong>br</strong> />
considerado como preguiçoso, desinteressado, pouco inteligente e pouco<<strong>br</strong> />
responsável. Embora apresente um nível intelectual normal, as suas dificuldades<<strong>br</strong> />
não lhe permite atingir os objetivos de modo satisfatório. Por. tanto, devemos<<strong>br</strong> />
entender melhor a problemática do disléxico, sendo mais tolerante diante de<<strong>br</strong> />
suas dificuldades, dar mais oportunidades para que possa mostrar todo o seu<<strong>br</strong> />
potencial que é bastante grande e até acima da média.<<strong>br</strong> />
Existe, em muitas ocasiões, a conscientização da criança em relação às<<strong>br</strong> />
suas dificuldades:<<strong>br</strong> />
Queixa-se que a sua capacidade de concentração é pequena.<<strong>br</strong> />
• Percebe que a memorização é de curta duração, pois estuda muito e<<strong>br</strong> />
não se lem<strong>br</strong>a na hora das provas, “dá um <strong>br</strong>anco”.<<strong>br</strong> />
• Muitas vezes pergunta-se: “por que todos conseguem atingir os<<strong>br</strong> />
objetivos e eu não? Se o esforço não me beneficia no desempenho<<strong>br</strong> />
escolar para que preciso me dedicar tanto? Na realidade, devo ser<<strong>br</strong> />
menos inteligente e menos capaz do que os outros”.<<strong>br</strong> />
São essas dificuldades vivenciadas pelas crianças que interferem na<<strong>br</strong> />
sua auto-imagem e na sua auto-estima; essas interferências negativas<<strong>br</strong> />
comprometem o seu estado emocional. Essas crianças vivem uma angústia<<strong>br</strong> />
grande, diante da sua impotência para poder solucionar as suas dificuldades,<<strong>br</strong> />
somadas às expectativas dos pais, da escola e às suas próprias expectativas, em<<strong>br</strong> />
relação ao seu desempenho não atingido. Diante desse quadro, teremos como<<strong>br</strong> />
resultado uma criança apresentando anormalidades comportamentais nos mais<<strong>br</strong> />
diversos graus.<<strong>br</strong> />
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BIBLIOGRAFIA<<strong>br</strong> />
Instituto Superior de Educaçaçãodo Vale do Juruena<<strong>br</strong> />
Associação Juinense de Ensino Superior do Vale do Juruena<<strong>br</strong> />
Pós-Graduação Lato Sensu em <strong>PSICOPEDAGOGIA</strong> E EDUCAÇÃO INFANTIL<<strong>br</strong> />
Prof. MS. ALBERICO CONY CAVALCANTI<<strong>br</strong> />
GASPARIN, Maria Cecília Castro. Psicopedagogia Institucional Sistêmica.<<strong>br</strong> />
Editora Lemos, 1997.<<strong>br</strong> />
GOLEMAN, Daniel. Trabalhando com a inteligência emocional. Rio de Janeiro:<<strong>br</strong> />
Objetiva, 1999.<<strong>br</strong> />
HEMMANN, Fábio. O que é Psicanálise? Editora Brasiliense, 1983.<<strong>br</strong> />
JOLSON, D. J. & MYKLEBHUST, H. R. Distúrbios de Aprendizagem. Editora<<strong>br</strong> />
Pioneira, 1987.<<strong>br</strong> />
JUNG, C. G. O homem e seus símbolos. Editora Nova Fronteira, 1964.<<strong>br</strong> />
KLEIN, Melanie. Os progressos da Psicanálise. Editora Guanabara, 1986.<<strong>br</strong> />
MARIOTTI, Humberto. As Paixões do Ego. Complexidade, Política e Solidariedade.<<strong>br</strong> />
São Paulo: Palas Athenas, 2000.<<strong>br</strong> />
MORIN, Edgar. Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro. 8ª ed.<<strong>br</strong> />
São Paulo: Editora Cortez, 2003.<<strong>br</strong> />
VYGOTSKY, L. S. Linguagem e Pensamento. Lisboa. Editora Antídoto, 1979.<<strong>br</strong> />
VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo. Editora Martins<<strong>br</strong> />
Fontes, 1984.<<strong>br</strong> />
WALLON, H. A Evolução Psicológica da Criança. Persona. Editora Martins Fontes.<<strong>br</strong> />
Lisboa, 1968.<<strong>br</strong> />
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